O Caso de Bruno e Eliza

Na pequena cidade de Esmeralda, próxima a Belo Horizonte, Minas Gerais; fora construído um hospital. Era uma grande instituição, a única da região que tratava de casos médicos e psíquicos. Entre todos que trabalhavam no hospital, uma pessoa se destacava pela beleza e carisma, Eliza.

Eliza, uma enfermeira experiente, trabalhava no hospital desde sua inauguração. Ganhara inúmeros prêmios de boa funcionária. Sua função no hospital era tratar e cuidar de pacientes que tiveram experiência de quase morte. Era muito querida entre eles.

Ela era tão dedicada no trabalho quanto no amor. Namorava há cinco anos com Bruno, um cara dedicado em fazê-la a mulher mais feliz do mundo.

No hospital, Eliza estava preparando-se para ir para casa; o seu expediente estava quase no fim. O silêncio se misturava com os pingos de chuva caindo lá fora. Isso fez com que ela se lembrasse do último encontro com o namorado.

Foi em uma praça que tudo aconteceu, o casal apaixonado estava sentado em um banco. Ele declamava belas poesias para ela e retribuía dando beijos carinhosos em seu poeta apaixonado. De repente a chuva os pegou desprevenidos. Até acharem um local coberto para se proteger, demoraram quase dez minutos. A namorada pegou um leve resfriado, mas o namorado pegou uma gripe horrenda, a garganta doeu e ele ficou rouco. Mas os dois acharam graça da situação e nem se importaram com as conseqüências que a chuva causou.

De volta à realidade, Eliza reparou que o hospital estava realmente quieto. Olhou em volta, mas o que viu lhe trouxe calafrios: um corredor escuro, uma recepção deserta e uma pequena luz na porta de entrada. Tudo isso fez com que ela se lembrasse de uma história contada por um paciente seu:

- Eu me lembro bem do que vi, mas gostaria de esquecer – disse o paciente -, eu vi como se fosse o corredor do hospital, eu estava de um lado do corredor, e uma figura fantasmagórica do outro lado. Ela olhava direto para mim e numa voz rouca e firme disse: “Eu vim pra te buscar”.

Neste exato momento, o telefone da recepção tocou como num sinal para acordar, Eliza despertou do transe. Pouco antes de pegar o telefone, ela sentiu um frio na barriga. Mesmo assim, pegou o aparelho:

- Recepção do hospital, em que posso ajudá-lo?

A resposta foi o silêncio. Ela desligou. Com certeza, Eliza não estava preparada para a cena que se seguiu.

O telefone tocou novamente. Desta vez, veio uma resposta, de uma voz rouca, mas firme:

- Eu vim pra te buscar...

Assustada, ela desligou rapidamente o telefone. Olhou em volta, para a recepção, para a escada, para os quartos e por fim, para o corredor. Lá estava a figura.

A figura ao longe parecia um fantasma, mas sua voz rouca ia fundo, dando a certeza de que era uma figura real. A figura fantasmagórica era irreconhecível, graças a luz fraca do corredor. A voz era masculina.

Pronunciou as palavras que Eliza temia:

- Eu vim pra te buscar...

O homem começou a vir na direção dela. Ela queria correr, mas o medo paralisou seu corpo. O coração batia forte no peito a cada passo a tensão aumentava. Nos últimos dez metros, que separavam os dois, a tensão chegava ao extremo.

Escuro.

Ao acordar não sabia onde estava, a sala parecia do hospital. Olhou para a porta, estava fechada. Olhou para a janela, quase desmaiou novamente. A figura olhava para ela, porém, a figura era conhecida:

- Bruno? O que faz aqui?

- Não se lembra de nada? – Ele fica espantado – Pelo visto terei que

contar tudo...

Desorientada, ela não sabia o que dizer, por isso apenas escutou a história de seu namorado:

- Bom, eu estava em casa, querendo levá-la para jantar; faria uma surpresa. Quando eu percebi que havia começado a chover, pensei que seria uma boa oportunidade de te pegar no trabalho. Eu estava quase chegando, resolvi ligar. A primeira tentativa falhou, alguém atendeu, mas o telefone estava mudo. Liguei novamente. Você atendeu, eu disse que tinha ido te buscar. Você desligou o telefone na minha cara. Por isso resolvi falar pessoalmente.

Eliza percebeu que o medo que tinha sentido era algo fútil, o depoimento que tinha escutado do seu paciente deixou-a assustada demais para que acreditasse em incríveis coincidências. A história de Bruno começou a fazer sentido, ele continuou:

- Eu entrei e vi você na recepção. Falei novamente que tinha ido te buscar, você olhava para mim, mas estava muda. Pensei que não havia me escutado e fui à sua direção. Quando estava bem perto, você desmaiou querida. Corria às pressas para te ajudar, mas você estava inconsciente. Chamei o pessoal do plantão e eles arrumaram esse quarto para você. Mas agora me diga: Por que você desmaiou?

Ela não sabia se ria, chorava, gritava; a história contada era quase inacreditável. Ela contou, então, a sua versão. Ao término, o casal achou a história divertida. “A incrível coincidência”:

- Pelo visto, nosso jantar vai ter que ficar para outro dia – disse Bruno.

Eliza concordou, pois aquela não era uma boa hora para pensar em comida.

Jackson Furlanetto e Kimberly Masieiro
Enviado por Jackson Furlanetto em 05/02/2012
Reeditado em 05/02/2012
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