HISTÓRIA DE CAROCHINHA OU DE TRANCOSO - COISA DO PASSADO

É muito comum, em palestras importantes, sejam de cunho religioso ou secular, ouvir o palestrante, após contar um caso para complementar sua palestra ou chamar a atenção do público, dizer: “isso não é história de carochinha”. O palestrante quer dizer, que sua história é verdadeira, em outras palavras, em história de carochinha não há fundo de verdade.

Histórias de Carochinhas há quem diga que são histórias infantis que poderão ajudar as crianças a terem melhor desenvolvimento nas escolas; outros, todavia, acham inconveniente contar para crianças histórias que não são verdadeiras, pois podem levá-las a acreditar naquilo que não é verdade. Realmente, as Histórias de Carochinha, não são verdadeiras, são histórias sem data ou local do ocorrido, inventadas, evidentemente, por pessoas inteligentes, cujas figuras que aparecem no contexto são nomes comuns, do tipo: Pedro, João, José, Maria etc.

Em tempos passados, quando não existia ainda a televisão, principalmente em povoados, vilas ou fazendas do interior, as mães ao colocarem seus filhos para dormir, achando que poderiam enganá-los com histórias para dormir imediatamente, usavam contar histórias de carochinha, sempre histórias engraçadas, muitas vezes inventadas por elas mesmas de improviso, um tipo de história sem “pé e sem cabeça”, mas, a criança gostava tanto, que lhe faltava o sono e sua mãe terminava dormindo primeiro.

História de Trancoso, Trancoso, significa um herói popular, que se vinga dos ricos e poderosos através da astúcia; historicamente, é uma figura da literatura portuguesa, que juntou em coleção, famosas narrativas lusitanas e ibéricas que circulavam oralmente na Idade Média. Trata-se de uma história em que se reconhecem elementos do relato popular, tais como: “o herói é pobre e feio. O roceiro tinha um só dente na frente e cara de bobo", representando não apenas o elemento popular e as classes mais pobres da população, mas também sua inferioridade e submissão.

As histórias de Trancoso, sempre são da espécie: o pobre contra o rico; o menor acaba vencendo o aparentemente maior, valendo-se de sua astúcia e provando que, apesar da exterioridade e, à primeira vista ser uma pessoa simples e humilde, acaba dando a volta por cima superando todas as dificuldades. Na história de Trancoso, os personagens, nunca têm nome, se têm, são fictícios, cuja origem é absolutamente lendária que não espelha verdade alguma.

É claro que, na vida real, acontecem também casos, até de certo modo incrível, porém, não de forma exagerada e descabida como nas histórias de Trancoso e carochinha, mas numa condição possível de se acreditar.

Há um adágio popular, que diz: “a mentira só vale enquanto a verdade não chega”. Minha mãe contava que, quando era menina, conhecia a história de José do Egito, personagem bíblica dos tempos dos Faraós, como História de Trancoso, somente mais tarde, quando a Bíblia tornou-se um livro popular, praticamente ao alcance de todos, foi que inteirou-se das verdades dos fatos.

A mentira é cruel: tortura, deforma e escraviza as pessoas. Tem gente que não se sente bem se não estiver contando uma mentira, e o pior é que, muitos acreditam nessas mentiras, têm outros que, de tanto contar mentiras ninguém nele mais acredita, mesmo que esteja contando a verdade.

Contam por aí, a história de um político famoso que, em uma época de campanha chegou numa casa do interior e pediu água para beber, a senhora que lhe atendeu, chamou um menino da casa para servir ao cidadão, que por coincidência ou não, o menino tinha o mesmo nome daquele político que lá chegara. Na intenção de aproximar-se mais daquela senhora e evidentemente, conquistar o seu voto, perguntou: “Senhora, por que colocaram esse nome nessa criança, foi em homenagem a algum cidadão ilustre?” “Não senhor – respondeu a mulher – a verdade é que esse menino aprendeu a mentir tanto, que achamos por bem chamá-lo por esse nome em homenagem a um político famoso do estado que só sabe mentir”; e o político famoso que àquela mulher se referia, era justamente aquele que ora encontrava-se em sua casa a pedir água.

É claro que essa história nunca aconteceu, deve ter sido inventada, em época de campanha, por algum político, na intenção de prejudicar o seu concorrente. Ninguém chega a lugar nenhum com a mentira. O mentiroso é sempre mal sucedido, fracassado, e, sobretudo, derrotado. A verdade deve sempre acompanhar o cidadão, independentemente das circunstâncias.

Concluímos dizendo, que, História de Carochinha e de Trancoso, são coisas do passado, retrógradas e ultrapassadas, estamos em outra época, onde tudo tem se evoluído, nem mesmo as crianças da atualidade, dão créditos às histórias de Carochinha e de Trancoso, o que significa dizer que, não há mais espaço no contexto social para casos da espécie, temos tão somente que, aprimorarmos muito mais nossos conhecimentos, porém, através de algo que nos dê segurança de credibilidade.

Luís Gonçalves
Enviado por Luís Gonçalves em 04/02/2012
Reeditado em 11/02/2012
Código do texto: T3479299