Perdido no horizonte
Sentado, em meio a tanto verde, tanta vida, olho para o horizonte. Gritos, risadas secas, e o vento forte que sopra daquela direção me chamam e sem pensar, vou.
Andando, ao meu lado observo a mistura de cores, a vida, a linda nostalgia de poder tocar naquilo que me toca. Despedem-se, com acenos tristes, e cabisbaixos, somem.
Agora, no árido e longo caminho, perdido entre a escuridão da morbidez e o vazio da solidão, enxergo a vida, vida que em outrora soube o que é o amar, o que é o sofrer, o que um dia foi chorar; eram, não estão mais. O sangue que se derrama por entre o verde, embriagou a sede da terra, mãe Terra que limpa o cenário.
Volto a me sentar agora não mais em meio ao verde, dourado e anil, nem mesmo vejo o belo raiar da alvorada, nem sinto o cheiro da bela dama da noite, vejo a marca que mancha o carácter nato e a expressão nova do ser humano, sinto o cheiro podre e fétido da vingança, e em desespero, me viro para este futuro tão presente, este passado tão vivente, e clamo de dor e ódio:
- Vês? São corpos! Não vês...
- São mortos! Não sente...
- Por que vives neste mundo tão vazio? Por que não vives?
Vejo! Aquele que um dia foi gente, está morto, é corpo, não vê, não sente...
Choro, e tampouco enxugo o pranto, e morro, não sinto, fecho os olhos, vivo minha nova realidade, querendo voltar para aquele horizonte detrás que não mais tem forças para chamar.