Quem enxugará este pranto?
Ao longe, um choro, imagino uma criança que não quer comer, talvez um jovem sem poder sair de casa, ou até mesmo um idoso sem seus remédios.
Não, é uma mulher de rua, sem ter o que comer, sem ter casa pra sair ou remédios para se curar, ela sim tem o direito de chorar. Pobre mulher. Feita da mesma matéria, teoricamente com os mesmos direitos que eu e em condições, descaradamente, diferentes.
- Moça, porque choras? – pergunto-lhe – O que te aflige?
- Sou humana, estou feliz...Não sou, não estou – responde confusa – apenas sou e estou se tu e estes outros quiserem.
- Pouco importa o que eu e eles pensamos sobre ti.
- Importa, tu, que és um destes, que não percebes o quanto isso vale.
Vou-me embora sem poder ajudar aquela que só sabe choramingar. Não sei, agora, se sou um destes ou se apenas sou.