A GUEIXA
Muitos nos confundem com prostitutas, vêem-nos com repugnância ou desejo, somos maltratadas nas ruas e por isso preferimos nos confinar em nosso mundo de trabalho. Os tradicionais, por outro lado, exaltam nossos serviços e nos convocam a suas festas a fim de fazer-lhes companhia. Aos poucos sumimos, são raras as famílias que colocam suas filhas nessa condição. Lembro-me do dia em que fui levada pelos meus pais a conhecer minha mestra na parte central de Hanamachi, aquela a quem sempre admirei e que me ensinou essa milenar profissão. Seu nome era Mineko Iwasaki, ficou conhecida até mesmo pelos ocidentais. Teve uma forte história e era dotada de uma grande sabedoria. Ensinou-me os segredos da dança, a educação ideal, os rituais do chá e compartilhou suas experiências comigo. Com ela aprendi que o quimono era nossa segunda pele e certa vez ela nos definiu dizendo: "Gueixa é como uma flor, bela em seu próprio estilo, e como um salgueiro, graciosa, flexível e forte." Isso ficou marcado em mim, foi o que meu deu forças em momentos difíceis. Com os homens eu deveria ser graciosa, com as damas eu deveria ser flexível e com os rudes eu deveria ser forte. Hoje repasso isso às minhas aprendizes e ainda lhes digo que a tinta branca não mascara apenas os defeitos do rosto, mas também as fraquezas da alma.
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