O mundo de fora visto por dentro
Sons de máquinas, pessoas chorando, sons que não aliviam minha ideologia sobre o mundo. Não quero esta trilha sonora para minha chegada, estas imagens não me dão forças para enfrentar o futuro.
O mundo ou a humanidade me faz obedecer as objeções impostas pelo poder e seguir esta mesmice cotidiana, sem sonhos, desejos e vôo. Mas eu prefiro sonhar com o desejo de voar.
Não posso nascer sabendo que terei duas opções, sendo a primeira seguir o ritmo dos meus semelhantes, para que possa ser visto como um cidadão e a seguinte, não menos absurda, que seria a “liberdade”, tentar ser diferente e acabar sendo preso ou ser denominado como louco e ser trancado, internado, como um animal, em um manicômio.
Na morte, porém, terei uma única alternativa: ser soterrado por um tanto de terra e outro tanto de saudade. A terra será minha companheira até o final, já a saudade se esvairá, aos, poucos, até que outro corpo mereça melhor atenção.
Quero poder não deixar saudades, gostaria de continuar sonhando, mesmo que isso não mude o futuro de outros, e acima de tudo tenho medo...Medo de mostrar meu rosto ao mundo, de viajar por esse futuro, incerto porém traçado e injusto, embora muitos o julgam como conveniente. Talvez isso explique o choro dos que nascem, que são retirados de um ventre acolhedor e são jogados em outro totalmente assustador, escuro e que se acoberta com uma camada espessa de puro ódio e rancor.
Quero continuar aqui, onde não enfrentarei nada nem ninguém, onde não sofrerei com a realidade do mundo e assim evitar que as lágrimas de dor que rolariam suavemente sobre a superfície fatigada do meu rosto pudessem desbotar as mensagens e pensamentos que viria escrever em crônicas futuras.