NA SOLIDÃO
Era um vazio sem fim,
criado que não existe,
um monstro criado do nada
e jamais morreria,
nem ao menos nasceu,
apenas foi criada,
um enorme vácuo,
sem fim onde nada existe
ou só abrevia e morre
para não viver o que a vida oferece.
Nada cria, nem o adeus,
pois não existe nada
para ser criado dentro do adeus.
Sem felicidade ou esperança,
sem amor ou alegria e sem ódio,
apenas morte.
Não existe um só deus que admita
e aceita e não se acha
dentro de qualquer crença ou religião
e só pode ser visto dentro dos olhos dos cegos.
É um vácuo sem fim,
morte e vida de braços dados num turvo
e mesmo assim não se criam
e não se vêm mas também
não se conhecem,
apesar de ser uma continuação.
Um móvel sem gavetas ou portas,
não tem entradas ou saídas,
uma a uma das emoções
que morrem a cada momento
e a cada momento outras são criadas,
também para acabarem morrendo,
sem serem vividas
e uma a uma se faz presente,
marca o ponto e morre,
para não ter que agüentar
a triste esperança de esperar a solidariedade,
dentro da solidão escura.