NA SOLIDÃO

Era um vazio sem fim,

criado que não existe,

um monstro criado do nada

e jamais morreria,

nem ao menos nasceu,

apenas foi criada,

um enorme vácuo,

sem fim onde nada existe

ou só abrevia e morre

para não viver o que a vida oferece.

Nada cria, nem o adeus,

pois não existe nada

para ser criado dentro do adeus.

Sem felicidade ou esperança,

sem amor ou alegria e sem ódio,

apenas morte.

Não existe um só deus que admita

e aceita e não se acha

dentro de qualquer crença ou religião

e só pode ser visto dentro dos olhos dos cegos.

É um vácuo sem fim,

morte e vida de braços dados num turvo

e mesmo assim não se criam

e não se vêm mas também

não se conhecem,

apesar de ser uma continuação.

Um móvel sem gavetas ou portas,

não tem entradas ou saídas,

uma a uma das emoções

que morrem a cada momento

e a cada momento outras são criadas,

também para acabarem morrendo,

sem serem vividas

e uma a uma se faz presente,

marca o ponto e morre,

para não ter que agüentar

a triste esperança de esperar a solidariedade,

dentro da solidão escura.

luiz machado
Enviado por luiz machado em 11/01/2012
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