UMA CIDADEZINHA DE ESTILO EUROPEU

Acabado de subir a serra, entre as duas montanhas,após a curva,já se visualizava aquela pequena cidade de estilo europeu encravada no pé da serra.Suas ruas calçadas em pedras, marcavam ainda, uma época em que alguns europeus chegaram ali e fincaram moradas,deixando seus traços arquitetônicos e marcas étnicas naquela pequena metrópole.

As fachadas das casas inebriavam os transeuntes com as suas floreiras nas janelas, dando todo um toque colorido.Outros casarios traziam em seus jardins os tradicionais caramanchões, convidativos a um repousante e tranquilo bate-papo de um entardecer.

-Alô filha,como vai querida?!

O telefone despertou Cristina de sua absorvência.

-Tudo bem mamãe,e todos dai?!

-Estão todos ótimos, mandando lembranças.

-Pena que as minhas férias não coincidiram com o final do ano para passarmos juntas.

-Mas não faltaram oportunidades filha!

-Mamãe, vou ter que atender a porta, deve ser o meu novo afer.

Maria Cristina deu aquele seu sorriso meio maroto.

-Ta bem filha,ate outra hora.-fique com Deus.

Maria Cristina, era de uma família de um abastado fazendeiro perto da capital.Assim que Cristina terminou os seus estudos fundamental,os pais a mandaram para a capital cursar administração de empresas.Isto lhe valeu o pós graduação,o comando de um dos maiores banco do pais e que tinha uma de suas agências estabelecida naquela pequena cidade a qual Maria Cristina se encontrara.

Era muito adorada pelos moradores daquela cidade.Alem das facilidades em fazer-se amigos.Moça culta,muito bonita,olhos da cor do mar,cabelos aloirados, quase cacheados, que lhe caiam pelos ombros delicados e sensuais.Pernas torneadas e de uma cintura fina de causar inveja as mais providas de recheios.

Maria Cristina ao abrir a porta foi invadida por aquele perfume inebriante ,amadeirado, que por tantas vezes passou a sentir nos últimos dias ao lado de Eduardo.

Eduardo chegara aquela cidade há algumas semanas.Viera da capital e se hospedara no Hilton hotel,o mais luxuoso daquela cite.Ficara na melhor suite.Em sua ficha de inscrição, rezava entre outras coisas o de arqueólogo.Há muito se comentava por aquelas regiões,segundo as características de algumas partes erosivas, haviam descobertos algo em torno de fósseis.Segundo o próprio Eduardo,estaria ali para um estudo mais detalhado da região.

-Você esta esplendida Maria Cristina.

-Obrigada,mas você também não esta de se jogar fora!

Deu mais uma vez aquela sua risadinha meio marota.Risos à parte, desceram para o saguão do sobrado,e o carro de Eduardo já se encontrava à porta daquele lindo sobrado.Foram a um restaurante que fugiam das tradicionais linhas arquitetônicas daquele lugar.Haviam linhas mais arrojadas,contemporâneas e de um requinte inigualável.Deliciaram das propostas gastronômicas do lugar com pratos sofisticadíssimos.

Maria Cristina depois da abundancia das iguarias,roçou a sua mão suave sobre as de Edu...

-Meu amor,se não se importa,tenho que voltar ao ban...

-De forma alguma minha querida!-Atalhou-lhe Edu.

Assim que Eduardo a deixou à porta do banco, ponderou que queria lhe dar um presente.Pegaria ela mais tarde, uma vez que normalmente em cidades menores as lojas se fecham mais tarde.

Assim que Cristina saiu do banco, Edu, já se encontrara esperando-a à porta.

-Acho que vamos direto a joalheria meu bem!

-Mas devo tomar um banho primeiro!

-Nada de mais nada de menos!-Retrucou Edu.

Feito isto, Eduardo puxou-a pela mão,atravessaram uma pequena pracinha e adentraram a joalheria.Joalheria esta que Edu por tantas vezes passara em frente as suas vitrines a deliciar-se com as suas preciosidades.

Em uma das vezes, Edu, absorto em seus pensamentos,assustou-se quando o Sr.Ríchardson,dono da joalheria, o abordou.Sr.Ríchard,era um homem esquelético,feições um tanto quanto pesadas,um óculos redondo a lhe escorrer por um vasto nariz.Trazia entre as orelhas umas mechas de cabelos grisalhos,enquanto na parte superior eram isentos dos mesmos.

-Em que posso lhe ser útil meu caro jovem?!

Edu,apos refeito do susto se limitou a dar um sorriso meio amarelo...

-Estou apenas olhando estas preciosidades meu senhor!

-Pois fique a vontade meu jovem!.

Agora,Edu e Cristina,foram atendidos pelo Sr.Ríchardson que já conhecia Maria Cristina, não pelo movimento bancário que o mesmo tinha com o referido banco o qual Cristina trabalhava,mas sim,pela importância administrativa a qual ela exercia perante a sociedade.Hora ela indicava uma melhor aplicação,hora resolvia pendências em atraso dos correntistas.

-Sr.Richardson,queria ofertar um joia a Cristina,o que o Sr.sugere!

-Ora, meu caro jovem,uma joia para outra joia não é tão difícil assim!

Saiu por uns instantes e logo a seguir, voltou com uma caixinha ornada em veludo vermelho,que continha em seu interior brincos,colares,broches, anéis, todos cravejados em diamantes ou mesmo em ouro.

-Querido,tudo isto é um exagero,e alem do mais valem uma fortuna!

-Escolha o que você quiser meu amor!

Apos algumas insistências, Cristina optou por algo mais simples acatado por Eduardo.

Sr.Richardson, encheu-se de orgulho,desta feita,não eram todos os dias que se vendia uma joia daquele quilate.Eduardo depois de uma noite esplendida ao lado de Maria Cristina,logo pela manha tomou o seu café,despediu-se, motivo pela qual haveria de concluir, os seus pseudos estudos arqueológicos.

Depois de algumas visitas a joalheria e mais algumas compras realizadas,Eduardo passara agora a ser mais íntimo do Sr.Richardson. Segundo Eduardo, passara a ele, era filho de um grande industrial na área metalúrgica localizada na capital.Isto tudo fez com que Edu lhe merecesse mais atenção e afetividade.Os dias se transcorreram normais naquela cidade de estilo europeu, não fosse os dois pombinhos a viver no mundo das nuvens.Eduardo por sua vez já falava em compromissos mais sérios com Cristina.

-Alô mamãe,tudo bem por aí?!

-Esta tudo bem filha!

-As mil maravilhas mamãe,acho ate que vou me casar!

-Não diga Cris,mas vamos devagar filha!

-Ta bem mamãe,é somente uma brincadeirinha!

-Filha,esta comendo bem?!

-Sim,mami,estou me alimentado direitinho.

-Quando vem filha?

-No próximo feriado mamãe.-E papai,como esta,Helena e Pedro?!

-Estão todos bem minha filha.-Filha,seu pai lhe manda um abraço e

esta me chamando para ir ao super-mercado.

-Ta bem mamãe,a minha benção a você e papai.

Em uma sexta feira,apos as dezoito horas,Edu foi ate a joalheria do Sr.Richardson.

-Meu caro amigo,estou deveras com o coração flechado,vou assumir

um compromisso mais sério com Cris.

-Ha!mas ela bem o merece meu caro jovem!

-Quero a joia mais pomposa que o Sr. estiver em sua loja.

Sr.Richardson sai, e logo a seguir voltou com uma caixa em veludo preto, e a colocou sobre o balcão diante de Edu.

Eduardo acostumado a joias caríssimas embasbacou com tantas preciosidades em um só lugar.Diante dele um colar de esmeraldas cravejadas em diamantes em quase a totalidade do colar.

-Uma pequena fortuna meu caro jovem!

-Isto mesmo Sr.Richardson,uma pequena fortuna.-Mas ela bem o merece.-Qual o valor Sr.Richardson?!

-Uma pequena bagatela de oitocentos e cinquenta mil dólares.

-Sr.há de convir que não tenho em mãos esta pequena fortuna.-Mas tenho cheques os quais o Sr. poderá consulta-los na segunda feira,e logo a seguir passarei aqui e levarei as joias.

-De forma alguma,Sr.Edu,deixe os cheque e pode levar as joias que já lhe pertence.

Feito isto,Edu, não somente levou o colar, com também duas alianças cravejadas em diamantes,um anel solitário, perfazendo um total de um milhão setecentos e cinquenta mil dólares.

Naquela noite, de sexta feira, Cristina achou algo estranho, quando Edu não apareceu .Logo considerou que ele estaria cansado,e que talvez teria trabalhado ate mais tarde.Naturalmente no outro dia se esclareceria tudo e estariam tudo de pratos limpos,como se diz no interior.

Ele entraria por aquela porta como de costume, com aquele seu perfume amadeirado e tudo estaria resolvido.Sábado pela manhã Cris saboreou o seu café matinal,saiu como de costume para a sua costumeira corridinha para manter a forma e continuar esbelta e saudável .Logo apos seu banho,já um pouco preocupada,Cristina resolve fazer uma ligação para o hotel onde Edu se hospedara.O que ouviu a deixou estarrecida.Foi com uma bomba a lhe estourar os tímpanos e as entranhas.

-Como é?!-Por gentileza queira repetir,não ouvi direito.

-O Sr.Eduardo fechou a sua conta ontem a noite e seguiu viagem minha senhora!.

Maria Cristina caiu como um fardo sobre a poltrona.Deveria haver uma explicação,um engano para tudo aquilo.Ele não sairia assim tão depressa sem avisa-la.Logo se esclareceria tudo,tinha certeza.Seria muito Grave?!

Mas os fatos se esclareceriam da forma mais vil.

Eduardo viajara ate a cidade mais próxima,distante cento e cinquenta quilômetros dali, passou em uma locadora de carros o qual havia locado o seu veículo a seis semanas atras.Pagou o que devia e pediu que o levassem ate o aeroporto daquela cidade.

-Uma passagem por favor para o Rio de Janeiro!

-Nome por gentileza!

-Eduardo Frazão.

Dentro do avião, enquanto Edu cochilava,foi abordado pela aeromoça.

-Aceita alguma bebida meu senhor?!

-Não muito grato linda!

Enquanto a aeromoça se retirava com a negativa de Edu,ele pegou uma pasta de couro alemão a qual continha um pequeno brasão inglês na lateral da mesma que estava sob o seu colo.Abriu o zíper ate a metade e adentrou a sua mão por aquela pequena abertura, espreitando o seu conteúdo.Abriu aquela caixa preta ornada em veludo preto,e com um sorriso largo, fechou-a,inclinou-se ao encosto do banco, dando uma suspirada de alivio e prazer e continuou o seu cochilo.

Enquanto isto,naquela cidadezinha,a vida daquela gente não seria a mesma.Principalmente para o Sr.Richardson e de Maria Cristina.Eram estampadas nas primeiras páginas das manchetes locais e nacionais o espetacular roubo da joalheria."O conto do vigário do Seculo."

Sr.Richardson,recuperava do choque do cheque sem fundos em um hospital daquela cidade.O tal do Sr.Eduardo arqueólogo nunca existira como pessoa física ou mesmo jurídica.Maria Cristina, com uma licença bancária,estava na fazenda de seu pai, junto a mãe,sem entender se havia passado por um sonho ou um rolo compressor, ou uma realidade muito dolorida.Como fora tão simplória em ter caído naquele conto do vigário,ou seja de Eduardo.Pudera,com um plano tão diabólico como aquele, qualquer filho de Deus cairia.Naquela cidadezinha, não existiria mais apenas traços arquitetônicos e etnias diferenciadas.Floreiras nas janelas e caramanchões nos jardins das família de bem,mas seu nome estaria para sempre marcada nos anais dos noticiários policiais como;"O GOLPE DO SÉCULO".