*A Fuga Do Segundo Anjo*

Havia no Céu dois anjinhos muito sapecas, sempre juntos a brincar, saltando de nuvem em nuvem, apostando qual voava mais alto ou mais rápido ou brincando de esconde-esconde com outros anjinhos. Entretanto, por estarem a repetir sempre as mesmas peraltices, foram perdendo o entusiasmo por tais atividades.

Juntos foram então até a biblioteca, e, fuçando livros e ouvindo histórias, descobriram haver muitas outras coisas interessantes além das espessas nuvens que cercavam o Céu. Em segredo, decidiram então tentar uma fuga em busca de um tal planeta azul que eles acharam fantástico.

Conversaram então com uma linda pomba branca, revelaram-lhe o desejo e pediram ajuda. A generosa ave disse-lhes que não poderia ajudá-los, mas manteria segredo daquela conversa.

Saíram ambos a buscar uma abertura por onde pudessem escapulir. Procuraram, procuraram, e nada! Até que, certa vez, ocorreu um grande vendaval, que abriu pequena fresta entre as nuvens. Um deles conseguiu escapar, porém, quando o segundo anjinho ia passar, a fresta se fechou. Muito tristonho ele ficou, sozinho no Céu, sem seu melhor amiguinho. Porém, não desistiu de seu sonho. Sonhava em fugir também e encontrar seu amiguinho, que a esta altura, já estaria no planeta azul.

Acontece que nunca mais ventou. O pequeno anjo caminhava a esmo pelo Céu, até que deparou-se com uma grande porta, por onde, vez por outra, entravam translúcidas formas, que ele não entendia do que se tratava. Percebeu também a existência de um porteiro, com a chave na mão, guardando aquela entrada. O pequeno pensou então em um plano. Ficaria escondidinho, e quando a porta se abrisse, ele passaria correndo. Assim pensando, assim o fez. Numa bobeada do porteiro, como um raio, ele escapuliu!

Lançou-se num imenso deslumbrante espaço onde se encontrava tudo que ele havia visto nos livros: brilhantes constelações, cometas, asteróides, planetas a girar, poeiras prateadas... As distâncias eram imensas. Como encontrar o planeta azul e seu amigo? Enquanto procurava a bola azul, divertiu-se muito, passeando em caudas de cometas, saltitando de estrela em estrela, flutuando no infinito...

De repente, notou muitas pontinhas de estrelas quebradas que pareciam formar um caminho. Logo ele entendeu a mensagem. Com certeza, era seu amiguinho que havia deixado a pista para ele! Foi então seguindo pela trilha, até que encontrou um belo sistema solar. Curioso e brincalhão como era, encantou-se com os anéis de Saturno, e lá girou muitas voltas. Eis que de lá, ele avistou o planeta procurado. Alguns bateres de asa, e logo o alcançou.

Surpresa: viu-se em uma caverna escura, sem suas asas e o amiguinho não estava lá. O jeito seria esperar para ver o que aconteceria. Sentiu-se com uma forma diferente. Porém ali estava tão confortável, que logo adormeceu e sua memória apagou-se. Volta e meia acordava, e tinha a impressão de que a caverna ia diminuindo cada vez mais. Esticava então o que lhe seriam os bracinhos e as perninhas e adormecia novamente. Até que um dia...

Lá estava ele, nos braços de sua amorosa mamãe, em plena luz! E quem estava a seu lado, feliz da vida? Seu amiguinho, que, embora com diferente aparência, ambos tiveram a impressão de que já se conheciam de algum lugar, e guardariam este segredo pelo resto de suas vidas novas, como priminhos que são, na mesma família! E, certamente, serão grandes amigos, e farão novamente muitas estripulias!

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Esta é a história de Guilherme, meu sobrinho neto, nascido em 20/12/2011, priminho de Anthony, nascido dois meses antes dele.

Para melhor entendimento, sugiro a leitura do texto “A Fuga Do Anjo”, que publiquei em 23/10/2011, onde se encontra a história de Anthony,

o primeiro anjo, nascido em 10/10/2011.

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gajocosta
Enviado por gajocosta em 04/01/2012
Reeditado em 04/01/2012
Código do texto: T3421132
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