Em Nome Do Amor... Na Boca Da Sociedade...
Sete de Setembro de 1980.
Data em que perdi um dos maiores amores da minha vida.
Minha mãe !
Uma pancada... Um corte na minha alegria de moça sonhadora.
Restou-me um amor.
Meu pai !
Para cuidar com carinho deste amor, optei por não buscar outros amores. De filha, passei a ser a dona da casa. Com todos os afazeres do lar, e ainda tendo que trabalhar no Colégio. Não me sobrava tempo para pensar em namorado.
E assim, o tempo foi passando...
Foi uma decisão minha, cuidar do meu pai enquanto ele estivesse com vida.
Um,dois,três anos sem namorado...
Para mim, estava tudo normal.
Menos para algumas pessoas da nossa sociedade.
Comecei a ouvir bochichos sobre a minha índole.
Ninguém pensava no meu sofrimento, ninguém pensava se eu estava conseguindo comprar os remédios do meu pai, e pagar as minhas contas.
Restaram-me algumas amigas que frequentavam a minha casa.
Foi ai, que comecei a ouvir as vozes condenadoras de uma sociedade considerada puritana.
E essas vozes diziam:-" A Maria não é normal. Ela não tem
namorado, não gosta de homem. Ah ! Ela tem caso é com mulheres. "Rsrsrs. Pura hipocrisia ! Pessoas que não tinham moral para falar de ninguém. Dedos apontados por pessoas que não viviam, e não entendiam o verdadeiro sentido do amor.
Seis meses antes do falecimento do meu pai, Deus colocou no meu caminho, o homem que veio a ser o meu primeiro marido.
Este, veio predestinado a me ajudar. A me dar o suporte para aguentar a outra pancada que se aproximava. O falecimento do meu pai !
Não me arrependo de nada, nem condeno os infelizes que continuam infelizes até a presente data.
O que eu sei, é que fato de passar algum tempo sem namorado, só veio a me favorecer. Consegui me sentir amada e respeitada durante o meu período de casada.
E alguns daqueles que me apontaram os dedos, tem hoje seus filhos morando com com pessoas do mesmo sexo.
O que não tenho nada contra. Cada um, tem o direito de escolha da vida que deseja para a sua felicidade.
O amor, pode não se enquadrar dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, mas o que realmente importa é saber amar de forma incondicional. Amar um pai, um amigo, um animalzinho, sem se importar como a sociedade avalia a sua forma de amar.
Um pré julgamento pode infernizar a vida de pessoas com uma mente um pouco mais sensível.
É importante que saibamos nós mesmos saber fazer uma avaliação do nosso próprio "Eu". Que o nosso amor próprio seja superior a qualquer língua que possa nos ferir.
Maria Lamanna.
Rio Preto-MG