Um Ano Novo que foi um Conto de Natal

Naquele ano, eu fui passar o Ano Novo com uma amiga querida, a Roberta, que inventou da gente ir ver uma praia à meia noite.

Todos os que estavam na festa foram, mas nos distanciamos na multidão. Passamos a virada do ano caminhando para a tal praia. E havia cerca de 100 metros e umas 300 pessoas entre cada um de nós. Na prática, estávamos cada um de nós sozinhos na multidão. E eu detesto multidões.

Poderia ter sido triste. Mas, na verdade, foi meio mágico.

É que, exatamente à meia noite, eu parei de andar e olhei para o céu.

E tinha fogos. Alguma casa tocava uma música bonita que enchia a noite naquele pedaço de caminho. E eu vi que o lugar era uma alameda de eucalíptos. E os eucalíptos formavam um caminho verde no meio da noite. E inundavem o ar com um aroma fresco.

Os fogos no céu, a música na noite, o cheiro de eucalípto e a visão daquelas pessoas estranhas se cumprimentando na rua... estava uma coisa bonita de se ver. Parecia que eu estava dentro de um conto de Natal.

Eu sorri para a mulher ao meu lado e disse "Feliz Ano Novo"! E ela sorriu de volta. E me abraçou.

E o momento fez

daquelas pessoas estranhas

estranhamente familiares.

Milagrosamente familiares.

Quinze minutos depois, meus amigos se reagruparam. Desistimos da praia e voltamos. Terminamos a noite eu e a minha amiga em um ponto de ônibus, a uma da manhã, dando risada de tudo e relembrando os muitos anos da nossa amizade.

Foi um Ano Novo Feliz.

(Dezembro de 2011)