Zona Vermelha
Dona Maria, senhora trabalhadora como tantos mil desse Brasil chegou em casa lá pelas dezenove horas e encontrou os seus filhos com lágrimas nos olhos. Pensando ter acontecido algo muito mais profundo começou a indagar seus meninos, sobre o acontecido. Qual disseram se tratar da morte de palhaço.
Tomada também de tristeza, quis saber onde o bichano estava e os meninos, bastante sensíveis indicaram em baixo do armário.
Maria, enternecida pegou o pobre gato e colocou numa caixa pequena de papelão para enterrá-lo as margens do canal do Barreiro, a sombra de uma das árvores.
Um dos seus cinco filhos quis acompanhar, porém a senhora o abordou e negou passagem dizendo que era melhor eles ficarem lá, haja vista o andar das horas. Mas de tanta insistência, que os cinco vieram prestar com a mãe a sua noturna despedida ao gato Palhaço.
Se dirigindo como em procissão ao local imaginado, a mãe e os seus cinco filhos dois meliantes em uma bicicleta chegaram e disseram:
- Bora velha!...Passa a caixa da Yamada!
- Mas meu filho não há nada de valor na caixa.
- Qual é coroa!. Tá querendo morrer!
E mostraram a arma, que fez todos os meninos e a mãe se ajoelharem e se agarrarem em circulo entregando aos assaltantes a caixa, com o corpo do palhaço.
Tal a violência, que os dois ciclistas seguiram na escuridão.
E dona Maria toda confusa foi na delegacia registrar o roubo do corpo de seu gatinho, que segundo a polícia, como os criminosos sequer foi encontrado.