A LENDA DAS PORTAS
As coisas funcionavam e ligavam certo a uma rotina de horas diárias. Às tantas, paravam para um descanso e voltavam logo à seus afazeres. Era um lugar agradável, pouca ventilação e ruídos. Assemelha-se a uma loja. Objetos velhos, vários às prateleiras. Uma bodega de poucos metros quadrados aconchegante. Poltronas das quais jamais tiveram seus acentos afagados com a bunda de outrem. Espelhos nas paredes a faziam tornar maior. Ora davam as horas de ligar ora de desligar. Onde estão as delinquentes portas que ousam daqui fugir? Estão, oh Objetos velhos, presos! – Há uma lenda de um lugar que diz que quando os objetos jazem em um quarto sem portas, criam vida, pensamento e falam. Mas se os objetos por conhecimento desta lenda, arquitetarem um plano para retirarem as portas, sabe-se no exato momento, que não se passa de uma lenda.
Os objetos ficaram silentes, imóveis. Apenas ligavam e ora desligavam. Oh, pensamento infeliz, pois que se ligam e desligam, logo se diz que há vida. O importante era saber quando as portas foram retiradas. Relatos de autores anteriores sobre este mesmo conto, dizem que as portas jamais estiveram ali!