O anjo e a Beladona
Certa vez, talvez em um sonho em que vivi (e não apenas sonhei) uma voz disse-me... Que quando renascemos, transformamos a morte do assassino em ilusão – Profetizou o monge, olhando a flor Beladona. O anjo, ignorando a belandona subitamente exclamou – Renascer?
A pior coisa que existe é... saber que existe uma verdade maior que a nossa fé. A partir deste instante fatal, procuramos dar sentido a esta palavra “renascer” pois já não acreditamos mais nas palavras do nosso coração e nossos sonhos fogem da realidade...
O anjo, digno de sua loucura, pôs em mãos aquela beladona e logo disse – Se eu digerir esta planta, logo estarei nas masmorras da Morte... mass será que logo renascerei tendo por verdade absoluta a fé?
O monge respondeu de imediato com o silêncio.
Se você realmente acreditasse na sua fé, não só teria digerido esta planta de morte súbita, como já estaria livre das masmorras da morte – respondeu de fato o monge.
Não podemos renascer da morte. Mass do espírito sim... Pra quê o renascimento se fôssemos como uma beladona? Para matarmos tudo pela primeira vez? Para que existisse única vez? A fé vive sobre a verdade absoluta. E é loucura não acreditarmos em nossos sonhos por não dizer a eles a verdade. O tempo pode quebrar seus sonhos se você não contar a eles a tua verdade. Viveremos deles, quando acreditarmos neles... Os sonhos precisam do som da verdade para escutar nossas palavras.
O anjo novamente ignorou a beladona e disse ao monge – A descrença é como um mendigo: Mata um dia para viver o outro que talvez o matará...
Pior – disse o monge – Talvez a descrença seja como uma beladona...