Mimi
Ela caminhava com a corda no pescoço. Sem esperanças, pensava em jogar-se aos pés do primeiro homem que aparecesse, implorando um pouco de afeto. Sentia o corpo minguar, o espelho era um inferno, o diabo propriamente. Mas matinha o passo. Só havia ao redor de si o rumor da cidade: carros, tropeços, vozes secas e tosse!
Um cão atravessa o caminho. “Quero um homem!”, pensa, “um homem que me trate como um cão. Quero conhecer a sarjeta, degustar o suor da miséria, aviltar-me”. O sol do meio-dia, dezembro, gente que fala alto demais: natal.
E a menina, já velha, só queria ser mulher.