O Telefonema
Nem era natal, se não fora engano era época do círio, em Belém. Silvana, pensado em quem era da família e não apareceu para o almoço, lembrou-se de sua sobrinha, que mora muito longe, mora nos estaites. Assim fez um contato com Cláudia, que é também sobrinha de Luisinho, o irmão do pai de Claúdia, que morava em Nova York para saber se ela, para ajudar a família queria comprar “Herbalaife”. Claúdia por estar atarefada com as suas avaliações, se justificou com a tia, disse que em outro dia falaria sobre o assunto e desligou.
A noite, lá pela madrugada Claúdia aperta no botão do celular e acaba discando para Silvana sem querer. No meio da madrugada, Luisinho, marido de Silvana e tio de Claúdia estava saindo do banheiro e ao adentrar no quarto, em passos silêncios para não acordar a sua mulher ouviu uma conversa murmurada e umas risadas de sua mulher, que com sono e sem perceber a presença de seu marido desligou sorrateiramente.
O aparelho, na confusão da cama acabou caindo para baixo da cama. Intrigado com a ligação Luisinho perguntou ainda a sua mulher quem ligara àquela hora como se na sua cabeça já estivesse andando pensamentos estranhos. Por sua vez ela, cansada e morta de sono sussurrou qualquer coisa, mas não respondeu com clareza e por isso ficou.
Na má explicação e com a escuridão do quarto, o marido tentou dormir, mas aquela ação o incomodava e ele, procurou o celular da esposa, qual não encontrou. Mais intrigado perdeu o sono.
Lá pelas cinco da manhã, quando os pássaros já pregava o louvor do novo dia, ele ainda estudava uma maneira de perguntar a sua mulher de uma forma que ela não ficasse irritada ou viesse a chateá-lo com brincadeiras no meio dos outros irmãos.
Amanhecendo o dia, enquanto ele com a cara amassada se preparava para ir trabalhar na feira, sua mulher acordava. Fazia o café e com um sorriso duvidoso no rosto jogava-lhe um beijo.
Sem dizer nada Luisinho seguiu e no dia a dia, trabalhando não conseguia se concentrar até que decidiu, enfim dar um basta. Quando chegasse em casa iria falar com a sua esposa.
Só que quando lá chegou Silvana lá não se encontrava e ele mais do que depressa correu no quarto a procurar o celular, que lá estava. No canto da cama desligado devido a queda, bem ajeitadinho por trás do guarda roupa, como se alguém lá o colocará.
Luisinho sozinho, todo feliz pegou o chicote e colocou para carregar. Imaginando talvez se um mal entendido, assim iria descobrir quem ligou.
Quando o celular estava com uma carga razoável, ele acendeu, colocou a senha de acesso e observou a chamada de um número sem nome conhecido.
De imediato tratou de ligar para matar aquela curiosidade, que não é peculiar das mulheres. No entanto o telefone só chamava, chamava e isso começou a enervar o senhor Luisinho, que deixou o telefone seguir carregando ligado.
Jantou, deu o jantar dos filhos e foi para o seu quarto assistir um jogo do seu time, enquanto a sua mulher não chegava das suas visitas para vender o seu produto. Nesse intervalo o telefone tocou e mais do que depressa Luisinho atende e uma voz suave veio ao fundo, era de um garotinho ligando errado. Segundos depois ligou uma cliente de sua esposa e o tempo ia passando. Até que ele resolveu ligar de novo para o número sinistro.
Chamou, chamou até que do outro lado um homem atendeu perguntando quem era. Por segundo, Luisinho tomou um susto e falou perguntando de quem era aquele número e do outro lado o rapaz disse que era dele. Quando Luisinho iria fazer a pergunta crucial houve falha do outro lado. Talvez interferência, falta de bateria ou sabe-se lá o que?...
Nesse interstício chega Silvana cansada e chateada das suas venda e já bastante perturbado Luisinho pergunta sobre o telefone da madrugada, que ela diz naturalmente tratar-se de Claúdia. Porém ele, já bastante molestado não acredita, pois um homem havia atendido do outro lado, quando ele ligou.
Já no banheiro, em seu banho, Silvana sente que o seu marido procura respostas absurdas, totalmente fora da realidade e ela começa a rir da bobagem que ele faz na cabeça.
Sem perder a estribeira, ele se recusa a creditar no que ela diz e começa a reclamar sarcasticamente e ela num histerismo de riso pede o telefone e liga para Claúdia, que atende e fala com o seu tio sobre risos e saros, explicando que aquele número era do seu namorado.