A Sinfonia
É fim de tarde no brejo Buritizal,
Quem diria no meio da cidade, entre prédios, aeroporto e bandeiras, uma ressaca, aquela da debatida favela.
Bem-te-vi assiste a tudo no alto do bacabeira em coro com o Sabiá exalta a chuva, enquanto a cigarra anuncia com alegria mais um fim do dia.
É luar Maria fecha porta...
É luar Maria molhe...
É luar menina que nas velhas estivas crianças fazem sua obra , brincam de roda, enquanto, ao redor casas, de madeira, de vime os pais acendem o candeeiro; entre tajás, capinzais e açaizeiros, que se misturam a bela paissagem da lagoa.
No aproximar das horas da noite, nuvens carregadas se alheiam aos primeiros sinais da orquestra que começa a se armar... sob a curtina verde de mururé, ré ...ré...ré.
É um tom agitado, todos acelerados...
O sapo ensaia... ;
O grilo aquece e a brisa, feito alma resfria; as janelas numa cadencia se fecham, os meninos correm, o momento ansioso vem chegando, enquanto em allegro os sons sintonizam-se ;, gotejam os pingos de chuva, tão solicitados no fim do dia...
É o vento ventando, o capim molhado reluzente balançando; a lua minguante se esgueirando. Agora é para valer a sinfonia começa...A rã coaxa, O vaga-lume lampeja no imenso escuro , rastro deixado pela flor da noite, a lua. A chuva tamborila na latinha, enquanto troveja sereno... pois é inverno na redondeza.
O sapo, então maestro, roqueja;
O grilo trina;
A Rã grasna ;
Anonimos garritam. E por tempos, enquanto a chuva ajuda, não há pausa, a única poesia a romper o silêncio da madrugada.
É o sapo; é a Rã e o Grilo...
É a chuva... que passa, bem como as horas.
Tudo cala... Alvorece a madrugada... o sapo, o grilo e a Rã passam em silêncio, quando o Galo desenhando a manhã do alto do Taperebazeiro cacareja em parceria com o Sabiá que encerra o primeiro ato, para começar o amanhecer, sob o hálito do ar úmido da terra com mato, que a brisa em tom singular carrega o hábito, enquanto em segredo a luz acesa a orquestra na nova manhã.