A PRINCESA E O PLEBEU
A PRINCESA E O PLEBEU
Era uma vez, uma linda princesa, de cabelos curtos, lisos e levemente loiros, de olhos esverdeados e muito iluminados, de sorriso doce e encantador.
Certo dia, um humilde plebeu a contemplou e apaixonou-se perdidamente pela beleza do seu rosto e pelo encanto da sua voz, tão branda e suave que mais parecia uma canção de sereia na calmaria de uma tarde à beira-mar.
E o destino, tomando ciência daquele sincero amor, deu um jeito de aproximá-los em sua magnífica obra, e assim o fez.
Seguiam felizes, trocando juras de amor duradouro, quando algo mais forte os tocou: o desejo da caricia do contato de suas peles, a tornar-se apenas uma.
Escolheram então a mais tranqüila e límpida cachoeira, onde apenas o som dos pássaros e da queda d’água os brindariam e acompanhariam com suas canções, ensinadas a estes pela mãe natureza.
Quando se dirigiam mansamente para seu ninho de amor escolhido, o tilintar de um pássaro veio informar à doce princesa, que a rainha mãe estava um pouco enferma, e esta comunicou tristemente ao seu amado plebeu.
Este, ao invés de triste, tratou logo de acalmar sua amada e incentivá-la a ir cuidar de sua amada genitora, pois todos aqueles acontecimentos seriam vis, perto do que representava a saúde de sua mãe rainha e desejaria sim que sua fada encantada fosse ao encontro da fada maior.
Soube depois o plebeu, que tudo foi feitiço do Senhor da Inveja, que a toda forma de amor verdadeiro buscava sempre destruir, e assim, enfeitiçou a senhora rainha, para que a princesa, sempre pronta a acudi-la, não pudesse jamais se entregar aos encantos do amor puro.
E ele não parou por ai. Seguiu criando as mais incríveis e inacreditáveis situações de negativismo possíveis ate que, a princesa, muito desgastada e confusa, acabou por abandonar o seu amor plebeu.
Este relutou muito, também sem compreender o porquê de um amor tão sincero e verdadeiro se findar assim sem haver explicações.
Hoje, o plebeu segue seu caminho insólito, eremita e errante, clamando a todos os anjos, fadas e duendes, o amor de sua princesa, e apenas a ela segue amando, mesmo que agora seja apenas um amor espiritual e platônico. Passa os dias buscando seu rosto entre as fadas e nifas da floresta e entre as sereias dos mares, e a noite entre as estrelas mais belas do céu. E assim seguirá, ate que seu coração deixe de pulsar, e leve para um outro plano todo este amor.
Gilson Santos