O Presente de natal
Dona Tereza comigo era assim...
Uma negra que vivia agradecendo a flor de plástico que recebera no dia das mães.
Aquela foi uma das festas, que as nossas mães do Barreiro, Telégrafo, rua do fio há muito mereciam, por tudo, o que sempre foram para nós. Sem dúvida marcou o coração dessas senhoras maravilhosas, que traziam nas mãos os calos, as dores em letras de uma vida dura,
Que essa cidade, se quer haverá de lembrar, porque essas estrelas brilham em nossos corações e não fazem parte do ouro, que os tolos teimam em valorizar.
Mas no ir e vir da vida, com haveria de ser nós os meninos casamos, mudamos de lugar e muitas meninas também seguiram os seus rumos. E tudo que foi, tudo que excedeu a normalidade de uma periferia voltou ao normal.
Porém, um dia em Belém, na mesma rua dessas mães cheias de histórias, Dona Tereza ouvindo de dona Graça o relato sobre os bichos de brinquedo de natal, que se moviam no Shopping, na mesma hora, comentou com uma de suas filhas que queria conhecer o tal lugar, só para ver os bichinhos.
Dona Graça, ouvindo tal pedido, se resguardou e em casa comentou com o seu filho, que pensou e falou em tentar conseguir levar a dona Tereza no Shopping, para que ela realizasse tal sonho.
Os dias foram passando, dona Tereza sempre das filhas cobrando e nada de ser atendida. E como o dia a dia nunca está em consonância como o destino, calhou do filho de dona Graça viajar, mas por telefone ele conversando com a mãe ficava sabendo da insistência de dona Tereza e alimentava a boa ação de levar aquela senhora idosa.
Acontece, que embora a gente o sol se por, a gente não escreve o tempo, não segura as horas, muito menos impede que tudo mude.
Na semana que antecedia o natal, o rapaz estava arrumando as malas para voltar à Belém, quando o telefone tocou...
- Alô mãe!... Disse o rapaz, identificando a chamada.
O momento que mergulhado num breve silêncio, o fez notar que sua mãe, pauseava uma dor, que sozinha calava a voz, tremia o corpo, em tom de lágrima amarga na garganta.
- Mãe! Tornou a dizer o rapaz.
- Ah filho sou eu, querendo te dizer que a dona Tereza se foi.
Por um segundo, o tal silêncio iniciou, do outro lado o rapaz pensou e nnum brado travado pela emoção disse: Mãe o presente de natal perdeu a cor.