UM DEDO DE PROSA – Parte 3/3
‘Telvina... ‘Cê num acho Seu João das Melancias meio acabrunhado? Sei não... Esses exames... Num duvido que logo logo num venha novidade ruim da banda dele. A vida é assim Etelvina: Ocê é jovem, conhece muita gente, tem muitos amigo, o tempo vai passando e a gente só cai em si quando começa a repará que fulano morreu... ah! e esse outro? Também morreu... E Ciclano? Tá mais pra lá que pra cá... E aquele outro? Também morreu. Só aí é que se percebe que o tempo passou e a gente ta ficando velho. A gente vai ficando sozinho. Não de companhia dos filho e neto, mas daquela turma que viveu com a gente, da mesma era. Fico pensando, Etelvina, o que será de nós no futuro. ‘Telvina... e as crianças? ‘Cê num devia ter deixado eles irem pra uma semana na casa de madrinha deles. Agora tô com uma saudade danada daquelas duas figurinha correndo pela casa, fazendo traquinagem por aí. Que é isso ‘Telvina? Que história é essa de que eu tô ficando mole? Manteiga derretida é a mãe... ‘Telvina, parece que você tirou o dia pra me aporrinhá hoje... ‘Telvina, ‘Telvina!... toma tipo... Qualquer hora eu te dou um corretivo, mulher! Ora essa, agora. Vira e mexe, ‘cê tá aí mangando de mim, me aporrinhando... parece que perdeu o respeito! Anda, vai lá prepará meu banho que daqui a pouco vai escurecê e eu quero dormir cedo hoje. E vê se para de pensá besteira, mulher.
Ah! Etelvina, nada como um bom banho fresquinho pra aliviá esse calor danado e depois da janta sentar aqui de novo. Etelvina veja aí como é que tá esse meu ferimento no pé e passa o remédio que seu doutô mandou passá. Não vejo a hora disso sará e eu poder voltar pra lida. ‘Telvina... aquilo ali num ta prestando... Ora, o quê, mulher. Assunta só. Agenor num disse pra nós, quando passou por aqui, que tava indo resolver uns negócios e só devia tá de volta à noitinha? Então por que é que Gervásio tá saindo de fininho da casa dele? No início da tardinha bem que notei que ele tava rondando por aqui. Esse mundo tá mesmo perdido! Eu não, claro que num vou contá nada. Não tenho nada com isso, e depois, não vou muito com a cara de Agenor mesmo. Ele que se vire lá com os chifres dele. Agora, esse cabra devia era levá uma coça pra aprender a respeitá muié dos outros. Tal qualmente eu fiz com aquele sujeitinho metido a besta que tava passando uns tempos aí na vila e que queria se enrrabichar com nossa afilhada Eleonora, quando ela veio passar uns tampos aqui com a gente. Se lembra Etelvina? A bichinha tinha vindo pra cá a mando do pai, pra separá a danada da lábia de outro sem-vergonha, e chega aqui, um sujeitinho de merda, sem nenhum respeito por nossa autoridade de responsável pela menina, vai querer ir logo agarrando a coitada. E num vem dizê que a menina dava corda porque ela era inocentinha de tudo; tinha só quinze anos a coitadinha. O outro sim, um tremendo dum aproveitadô das inocência alheia. Se num sô de impô respeito, ele tinha era embuchado a menina e queria vê como é que a gente ia explicá pro pai dela que tinha acontecido isso bem debaixo das minha barba... mas é assim que se impõe respeito mesmo, Etelvina, eu tive que pegá o sujeito pelo gogó e dá um sossega nele. Precisava vê Etelvina, quando puxei do facão que levava na cintura e dei com ele chapado por várias vez nas costa do infeliz. O cabrinha aprontou um berreiro, “ai num faz issso não, num faz isso não...“, e o facão ficou impresso no lombo do lazarento. É Etelvina... Já tá anoitecendo. Vai ajeitando as coisas que daqui a pouco quero tá na cama. E bota aquela roupa que tu bem sabe qual é. Essa lerdeza, ficá sem fazê nada o dia todo... dá um troço, um fogo, que a gente só pensa nisso, hein ‘Telvina? Claro Etelvina. Tu é mulher danada de bonita, como é que pode eu num tê esse fogo todo... Olhe só Etelvina: a desaforada resolveu dar o ar da graça... Como quem ‘Telvina... a desavergonhada. Depois de passar a tarde toda na vadiagem, ainda sai no maior descaramento, como se nada tivesse acontecido. Com é que pode, sô? Não. Etelvina, que é que ‘cê vai fazer lá? Num tem nada que ficá de papo com essa desqualificada. Vamo pra dentro que mulher direita num pode ficá na rua até essa hora. E depois, olhe lá: O galhudo tá chegando. Deve de tá todo sorridente, sem nem desconfia das semvergonhices daquela desavergonhada. Anda Etelvina, já pra dentro. E feche toda a casa que eu te disse que queria tá cedo na cama hoje.
Ande logo Etelvina, vem logo que eu tô te esperando. Que diacho é que tu tá fazendo que num vem logo? E num bate as porta desse jeito, muié... ‘Telvina, ‘Telvina!... Vem logo diacho...
Ah! Etelvina, nada como um bom banho fresquinho pra aliviá esse calor danado e depois da janta sentar aqui de novo. Etelvina veja aí como é que tá esse meu ferimento no pé e passa o remédio que seu doutô mandou passá. Não vejo a hora disso sará e eu poder voltar pra lida. ‘Telvina... aquilo ali num ta prestando... Ora, o quê, mulher. Assunta só. Agenor num disse pra nós, quando passou por aqui, que tava indo resolver uns negócios e só devia tá de volta à noitinha? Então por que é que Gervásio tá saindo de fininho da casa dele? No início da tardinha bem que notei que ele tava rondando por aqui. Esse mundo tá mesmo perdido! Eu não, claro que num vou contá nada. Não tenho nada com isso, e depois, não vou muito com a cara de Agenor mesmo. Ele que se vire lá com os chifres dele. Agora, esse cabra devia era levá uma coça pra aprender a respeitá muié dos outros. Tal qualmente eu fiz com aquele sujeitinho metido a besta que tava passando uns tempos aí na vila e que queria se enrrabichar com nossa afilhada Eleonora, quando ela veio passar uns tampos aqui com a gente. Se lembra Etelvina? A bichinha tinha vindo pra cá a mando do pai, pra separá a danada da lábia de outro sem-vergonha, e chega aqui, um sujeitinho de merda, sem nenhum respeito por nossa autoridade de responsável pela menina, vai querer ir logo agarrando a coitada. E num vem dizê que a menina dava corda porque ela era inocentinha de tudo; tinha só quinze anos a coitadinha. O outro sim, um tremendo dum aproveitadô das inocência alheia. Se num sô de impô respeito, ele tinha era embuchado a menina e queria vê como é que a gente ia explicá pro pai dela que tinha acontecido isso bem debaixo das minha barba... mas é assim que se impõe respeito mesmo, Etelvina, eu tive que pegá o sujeito pelo gogó e dá um sossega nele. Precisava vê Etelvina, quando puxei do facão que levava na cintura e dei com ele chapado por várias vez nas costa do infeliz. O cabrinha aprontou um berreiro, “ai num faz issso não, num faz isso não...“, e o facão ficou impresso no lombo do lazarento. É Etelvina... Já tá anoitecendo. Vai ajeitando as coisas que daqui a pouco quero tá na cama. E bota aquela roupa que tu bem sabe qual é. Essa lerdeza, ficá sem fazê nada o dia todo... dá um troço, um fogo, que a gente só pensa nisso, hein ‘Telvina? Claro Etelvina. Tu é mulher danada de bonita, como é que pode eu num tê esse fogo todo... Olhe só Etelvina: a desaforada resolveu dar o ar da graça... Como quem ‘Telvina... a desavergonhada. Depois de passar a tarde toda na vadiagem, ainda sai no maior descaramento, como se nada tivesse acontecido. Com é que pode, sô? Não. Etelvina, que é que ‘cê vai fazer lá? Num tem nada que ficá de papo com essa desqualificada. Vamo pra dentro que mulher direita num pode ficá na rua até essa hora. E depois, olhe lá: O galhudo tá chegando. Deve de tá todo sorridente, sem nem desconfia das semvergonhices daquela desavergonhada. Anda Etelvina, já pra dentro. E feche toda a casa que eu te disse que queria tá cedo na cama hoje.
Ande logo Etelvina, vem logo que eu tô te esperando. Que diacho é que tu tá fazendo que num vem logo? E num bate as porta desse jeito, muié... ‘Telvina, ‘Telvina!... Vem logo diacho...