Baile de Máscaras

-Uma máscara caiu... Eu só não sei quando foi, exatamente.

É triste quando a realidade pra nós se torna uma grande mentira... Redonda e esmagadora.

Uma máscara caiu... do teu rosto.

É triste quando a única coisa que as pessoas que amamos sabem fazer é nos iludir:

Um baile de máscaras... Ele me tirou pra dançar e me mostrou o amor.

Mas ele foi embora como um fugitivo que esconde o próprio rosto, defeituoso.

Ele se escondeu entre as sombras enquanto pintava o Sol... E me elogiava, embora nem me enxergasse direito...

E me abraçava, mas escondia seu rosto entre meus ombros...

E ao me olhar, nunca, nunca era diretamente nos olhos...

Quando eu vi seu rosto defeituoso, aquilo que ele tanto se esforçava para escoder, mesmo assim eu o amei. Eu não me importava com o que ele dizia ser terrível nele... Existiam coisas muito mais problemáticas nele, que eu tentei contornar... Coisas que ele poderia tentar mudar, pois me feriam...

Mas... Acima de tudo: Eu só queria que ele fosse sincero, como ele dizia ser... Como eu pensei que fosse.

Essa era uma promessa falsa, dada a uma criança...

Eu era a criança, a que grita, a que chora, a que sorri, a que se expressa, a teimosa... Mas eu sabia amar.

Ele podia ser um adulto... Mas era fraco, era fácil, era ignorante, era falso, era materialista e era superficial...

Era um grosso, era mentiroso, era egoísta... E não soube me amar.

Eu dei tudo de mais belo que existe em meu coração para ele... E ele tirou todas as minhas energias...

E no momento em que eu estava sem forças, ele me feriu profundamente...

E ele veio deitar-se em meu ombro.

Eu o amparei na sua angústia superficial, pelo seu crime.

Eu o perdoei... Mas ele não soube perdoar a si próprio.

Eu o abracei... Mas ele não viu que eu precisava de um abraço tanto quanto ele, pois eu também era um ser humano, que estava ferido num canto, e que sangrava...

E sangrou tanto que eu resolvi me esconder...

Mas ele não me procurou, ele não pareceu se preocupar... Ele apenas colocou a sua máscara novamente, naturalmente, respirou fundo e foi embora sem pressa... Como qualquer outro farsante faria.

Eu me senti só...

E ele nunca soube disso.

E ele nunca parece se importar.

E eu nunca deixaria que isso acontecesse com ele.

Bem... Eu era a única do baile que estava sem máscaras... E ele sabe disso.

Eu sou a única que ele pode encontrar e que seja assim.

Ele soube meus segredos, meus medos e minhas virtudes desde o início, ele me conheceu como eu realmente sou, eu mostrei meu rosto e eu o encarava nos olhos, profundamente... Pois eu o amava.

Eu nunca tive máscaras:

Porque as máscaras sempre caem, e não há milagres para evitar isso. E não parece existir solução para tal ilusão...

O tempo seria uma boa alternativa?