retratinho

Todos os doze filhos chorando ao pé da gaveta. gaveta não, um buraco na parede. Menos Gilvam que nao perdoo o pai nem na hora da morte. aquele tapa na cara na nunca sarou, pai. "eu já era um homem. O cemitério estava esgotado e a prefeitura ainda não fez outro. agora todos ficam mortos dentro de um armário de cimento. José goveiro jogando cimento fresco nos blocos que fechava o buraco. Não tirava o cigarro da boca. e dona Idália. isso é um sacrilégio, nem pái tem, nem pá. uma colherzinha pequena dessas. Pedro sempre quis ficar embaixo da terra. agora joga ele no meio desses blocos. que tempo esse gente, que falta de descencia com meu amor. do ultimo buraco, que ainda via ainda o rosto de Pedro fosco sumindo. meu pedro. Quando fechou tudo. Como faço enterrar ele direito? A prefeitura vai aumentar ou não essa merda. Onde está enfiando nosso dinheiro. aposto que nem aqui eles sãoe enterrados. Esses filhos de umas cadelas morrem na capital e fica lá mesmo. rodeado de marmare. Aposto. o coveiro virou as costas. sabia tudo dessas horas...trinta anos enterrando gente, era só uma profissão, um tecnico. era o terceiro aquela semana. Mas seu pedro foi o que mais atenção. quase fundou a cidade. Pedro pedreiro como a musica. foi forte a vida toda, nunca roubou, nunca enganou, nunca matou, so foi duro, duro com os filhos. Muito duro. Duro demais. As vezes acho que fui mole demais comadre, devia ter sidomais severo com esses meninos. tudo cachaceiro, comadre. não consegui aprender a lição de meu pai. aquele sim, era mãozada pra tudo quato é lado. vê se tenho irmão picareta. quem era doido de responder mal? de olhar feio, de não obedecer, nenhum. todos ali, no comando dele.

nãquele tempo nao desobedecia pai não. o reio comia.

Viu os catorze filhos desobederem. Julio virou alcolatras, seguido por gilmar, miltinho, cigano, Mariano, Geroncio, Alemão morreu do figado ano passado, muita pinga no rabo. um ulcera no estomago nunca sarava. Só deu desgosto. antes da morte nem parecia mais homem. enterrado num caixão de papelão. "Que vergonha meu Deus, tanta gente e ninguem comprou um caixão descente". acha que nao sei de tudo, que Mauricio deu vestido novo de presente pra Catinha enao ajudou nada no enterro. nada. aquele pai nao valia nada pra eles. a vagabunda agora anda parecendo um princesa. antes era um relenta, um piranha sem dono, que passava de mão em mão. ele acha que ela vais er difernete com ele, nao vai nunca, pau que nasce torto até a cinza torta quando queima.agora vai procurar pai pra valorizar. nao vai encontrar. ai que vai beber mesmo...eu quero é que morre tudo...

gilvana virou puta, as outras duas desquitada, Gabriela e nhanhã, largadas. casou com vagabundo, jogador. Tudo que ganhava ia pra jogatina. comeu a vizinha na cama dela, comadre, uma piranhinha que não saia de lá, fingindo que era amiga. lencol limpinho, tinha trocado naquela manha. voltou do trabalho mais cedo, dor d cabeça forte. quando abriu a porta a sem-vergonha de quatro sendo socada por Abdias. com aquela cara santinho. um safado comedor. até quis voltar dizendo que mudou, que nunca mais faria isso. acha que vagabundo munda? eu nao deixei, vai ficar em casa comedo mosca, mas prefiro assim. ninguem se salva comadre, porque ela também nao flor que se cheire. dava seu pulos, fiquei sabendo que estava dando pra Calado da venda a troco de fiado, pode, pode .Mas o problemas é quando estoura tudo e o nome da familia entra na lama. então é melhor cortar tudo...oh gente que nao se tolera

toda de volta pra pedro, tudo que nao queria. todo dia ser vista pelo pela pai, que não conseguiu ve-las de verdade a vida toda. e Gilsinho, esse orgulho do velho, o unico que brotou. "esse espinho ja nasceu com ponta comadre, dar pra saber desde pequeno", contava um resto pobre de vida que saia ainda de seus olhos. Lembrava com dor, no netinho que fez a filha doar, logo na maternidade. Essa bucha eu nao engulo, nao aceito isso na minha familia. o tempo lhe retirou a lingua e o orgulho engoliu muitas buchas. todas engravidaram na rua. tinha 25 netos. não se lembrava do nome de todos, mas gostava de Retratinho, o unico que lhe acarinhava, e que nunca ia pra escola sem passar na sua casa. dava bençao, gostava do velho. "esse quero viver pra dar ver crescer". o unico que me ama de verdade. sei que os outros fica magoados, mas nao posso fazer nada, a gente dar amor pra quem gosta da gente, né comadre.

no velorio, do lado do caixão Retratinho via o avô, seco, boca ainda branca entre os labios de espuma da morte. ja tinha chorando muito. so tinha um caroço no guela, que nem um choro fazia ir embora. A gente precisa colocar Pedro em baixo da terra. onde se viu. um pedreiro entar meu pedro. aquilo não é coveiro. nem cara de dor fazia. enfarado com a profissão. idalia nao dormir pensando no seu marido, nao sendo comigo pela terra que iria de comer, mas apodrecendo pouco a pouco, desfigurando ou derretendo na quela caixa de cimento que o sol daqui, deve ser um forno. colocaram meu pedro pra assar e não pra descansar. ele nao merece isso sempre foi bom, parede de inferno não é litinha? deixa ele lá dona idália, depois que morre isso não é importante. olha o jeito de retratinho, o bichinho se acabou no velorio. os outros estava rindo la fora. pensa que sou besta. cada um tem um jeito mãe. cala boca seu cachaceiro, pensa que nao vi você bebendo ontem. sem pai morto de você enchendo o cu de cachaça?sai daqui que nao quero conversar com você....retratinho, meu filho, fica aqui perto da vovó.

A senhora viu como mudou a filho de Zelito. foi dirigindo um carrão. deu até uma invetinha branca.

-branca? você estava era preta de inveja do coitado, acho que até por isso foi embora logont. nem gosto de comentar isso com você...alem do mais, voces tinha que reparar era no pai morto, não era nessas coisas. ha, gente olha. tenho culpa se vejo os parentes so na hora das tragéidias. sei...

as gemes de silvinha cresceu,né, estão muito é das gostosas. nao me deu bola, mas qualquer dia vou na casa delas. viu o tamanho dos peitos, aquela xoxotinha. cala boca filho da puta. nao tem vergonha de falar isso perto da mãe. , a pai morreu e voce falando de vagabunda.nessas hors. foi o pai que morreu e não eu.

n

doze filho em casa, nenhum foi embora, o tempo passou, doze filho. Ninguém sabia, que Marilinha era puta em salvador. vinha uma vez no ano, trazia presente e dizia que logo levaria o pai e mãe mae pra morar com ela. os outros odiava aquilo. deu sorte, encontrou um emprego bom e estudou. essa sim, virou gente, alegra um pouco pai.

Final do dia, aquele mutidão em casa.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 23/11/2011
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