O melhor dia que um cara poderia ter.
Eu acordei com um sorriso estampado no rosto e com a felicidade rodopiando em meu estômago. Era o melhor dia do ano e o meu calendário dizia isso com uma marca enorme de caneta vermelha que podia ser vista há metros de distância. 17 de fevereiro. De.Zes.Se.Te. Dezessete mil noites sem dormir, dezessete mil tardes na frente da máquina de escrever, enchendo a barriga de refrigerante e de biscoito de morango, dezessete mil folhas rasgadas no chão, madrugadas de insônia, dezessete mil desistências, dezessete mil coisas que resultaram no dia dezessete de fevereiro de 2017, às sete e dezessete da manhã.
Indiscutivelmente a melhor manhã que um cara poderia ter na vida.
Eu acordei com um sorriso estampado no rosto. A essa altura a felicidade já me contorcia todo o corpo.
Levantei-me correndo porque sabia o que me esperava do lado de fora da porta.
Vesti meu roupão, peguei as chaves destrancando e girando a maçaneta, deparando-me com o pacote em cima do tapete.
Fiquei extasiado, minha vida inteira estava naquele embrulho, mais que isso: era um novo marco na história!
Agarrei o pacote como se fosse um filho enquanto fechava a porta. Andei com ele até a poltrona onde me sentei. Empurrei de encontro ao meu peito antes de desembrulhá-lo e tentando respirar fundo (inspirar já estava sendo difícil). Meus pulmões gritavam de alegria e meus olhos percorriam o pacote ao mesmo tempo em que meus dedos rasgavam o papel que escondia o meu tesouro.
"É agora", pensei.
Ergui aquela forma retangular e pesada até a minha vista embaçada de ansiedade.
Era meu filho, meu primeiro de muitos, produto de minhas entranhas.
Incrivelmente bem feito ao ponto de me levar lágrimas aos olhos.
Eu o abri e levei até meu nariz. O cheiro era melhor do que o mais perfeito jardim, cheiro de livro que acabou de sair do forno. O nome do autor estava em letras douradas acima do título. E esse nome era o meu.