NEM TODOS VINGAM
O filho pergunta à mãe:
- Mãe, porque nós não damos uma moeda pra'quele menino que a pediu?
- Por que deve ser para pai dele, que mandou ele pedir para fumar e beber.
(o filho pensa: ele realmente estava com fome)
- E porque não damos um pão pra ele?
- Porque eles jogam fora o que damos pra eles, não valorizam.
(o filho pensa: é porque só damos o que não presta: mofados os pães e quente a agua)
- E porque não damos uma roupa a ele?
- Porque logo colocam fora, não lavam e elas estragam-se após a primeira usada.
( o filho pensa: se ao meno um dia ele não passesse frio já valeria a pena)
- O MÃE E SE EU FOSSE UM DELES?
- Cala boca menino, você é não um deles! A GENTE trabalha e você não tem falta de nada.
( o filho pensa: se ela soubesse como faz falta o bom exemplo deles pra mim)
Nesse momento o filho para e percebe que não pode dizer à mãe tudo que pensou, pois seria falta de educação responde-la ou tentar corrigi-la e acaba, pela insistencia da mãe, aderindo a idéia de que o menino "pedichão" é merecedor do que passa e que nada podemos fazer por ele.
E assim cresce mais um menino com tudo, porém que é igual aquele menino sem nada, pois o que faltava a um era pão e ao outro era oportunidade de fazer mudar a situação de seu igual.
E assim os pai acabam sempre passando aos filho o que passou Machado de Assis, através de João Candido, em um dos seus contos: "algumas crianças vingam, outras não".