NEM TODOS VINGAM

O filho pergunta à mãe:

- Mãe, porque nós não damos uma moeda pra'quele menino que a pediu?

- Por que deve ser para pai dele, que mandou ele pedir para fumar e beber.

(o filho pensa: ele realmente estava com fome)

- E porque não damos um pão pra ele?

- Porque eles jogam fora o que damos pra eles, não valorizam.

(o filho pensa: é porque só damos o que não presta: mofados os pães e quente a agua)

- E porque não damos uma roupa a ele?

- Porque logo colocam fora, não lavam e elas estragam-se após a primeira usada.

( o filho pensa: se ao meno um dia ele não passesse frio já valeria a pena)

- O MÃE E SE EU FOSSE UM DELES?

- Cala boca menino, você é não um deles! A GENTE trabalha e você não tem falta de nada.

( o filho pensa: se ela soubesse como faz falta o bom exemplo deles pra mim)

Nesse momento o filho para e percebe que não pode dizer à mãe tudo que pensou, pois seria falta de educação responde-la ou tentar corrigi-la e acaba, pela insistencia da mãe, aderindo a idéia de que o menino "pedichão" é merecedor do que passa e que nada podemos fazer por ele.

E assim cresce mais um menino com tudo, porém que é igual aquele menino sem nada, pois o que faltava a um era pão e ao outro era oportunidade de fazer mudar a situação de seu igual.

E assim os pai acabam sempre passando aos filho o que passou Machado de Assis, através de João Candido, em um dos seus contos: "algumas crianças vingam, outras não".

Dion Lenon Almeida
Enviado por Dion Lenon Almeida em 06/11/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3320786
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.