Releitura "a carteira" - Machado de Assis

Releitura do conto “a carteira”- Machado de Assis

Ela ia andando devagar, a caminho de casa, pensando ainda no que iria fazer.

A fatura do cartão de crédito havia chegado, o salário dela mal dava para metade, e ela não tinha coragem de iniciar mais uma briga com o marido por causa de excesso de gastos.

Estava andando assim, quando viu no chão uma carteira feminina. Olhou para os lados: ninguém. Pegou a carteira.

Parou numa padaria ali perto, comprou uma fatia de bolo (certos momentos tiram as pessoas da dieta), pensou em abrir a carteira, mas refletiu que talvez a pessoa que a perdeu precisasse do dinheiro... Mas nem sabia se tinha dinheiro!

Abriu a carteira, TINHA DINHEIRO, MUITO DINHEIRO, provavelmente a pessoa a perdeu quando estava indo também, pagar suas contas.

Fechou a carteira apressadamente, o dinheiro não era seu! Deveria entregar a carteira às autoridades.

Mas aí o subconsciente [salafrário] que não conhece os problemas do coração pedia que utilizasse o dinheiro: “achado não é roubado”.

Tomou uma decisão, abriria a carteira cor de rosa, se achasse algo que identificasse a pessoa, devolveria no mesmo instante, se não achasse, pagaria a fatura do cartão de crédito.

Começou a catar os pequenos papeis dentro da carteira, e VEJAM SÓ, uma foto 3x4 de sua melhor amiga. E ela riu, realmente, bem que estava achando a carteira familiar, era a carteira da Kátia!

Mas aí, num bolsinho, guardado bem escondido, uns papeis pequenos. A nova duvida se instalou, e quer saber? A desgraça tava feita! Abriu os papeis.

“Kátia, amanhã a gente vê no ‘lugar’ de sempre? – Ricardo.”

Não podia ser o MESMO Ricardo.

“Katia, amanhã Ana não vai estar em casa. - Ricardo”

Era sim! Era o MESMO Ricardo. E sabe quem era a “Ana”?

“dois safados” ela pensou “trocando bilhetinhos no escritório... PORQUE NÃO USAM MSN MEU DEUS! Eu me sentiria melhor sendo enganada através da internet.”

Terminou a fatia do bolo, levantou-se com a carteira.

...

Mais tarde chegou em casa, mil sacolas de compras.

- Com que dinheiro você comprou isso tudo? Espero que não seja com as nossas economias...

- não! Foi com um dinheiro que achei na rua, e, claro, meu salário. Ah, falando nisso: Tá aí a fatura do Cartão de Crédito. Você tem que pagar isso até amanhã, se não quiser ir direto pro SPC.

Ricardo olhou o total da fatura e quase teve um desmaio.

E a carteira? Foi pro lixo mais próximo.

Karine Maria Lima
Enviado por Karine Maria Lima em 04/11/2011
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