A LAGARTA

A revelia do tempo,

A lagarta tece

Seu casulo,

Nem retesa sua fonte,

continua,

Nem pragueja o dia,

Nem lamenta a noite,

Costura sua bainha,

Alinha seus colchetes,

Poeiras destruídas,

Embebidas em sangue,

Acompanhada de sinfonias,

De gritos em agonia,

Adentram sua lida,

Nem liga, nem nada,

Retoca, enfia, retorce,

E traz a linha

Fazendo outra dobra,

São pés de soldados,

Murmúrios de matilhas,

De filhos sem mães,

Zumbidos

de buzinas zumbis,

Impávida, envolve-se

Em seda fria

De indiferença,

Quando terminar

Sua tapeçaria,

Estará exausta

E totalmente encoberta,

Seu sono lhe trará

Metamorfose,

Se deste casulo

Sairá fina borboleta,

Funesta mariposa,

Nem uma, nem outra,

Só o futuro revelará;

Mas quando

Seu Invólucro

Romper e vomitar

O esperado inesperado,

Uma coisa será certa:

Ninguém notará.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 29/10/2011
Reeditado em 05/12/2022
Código do texto: T3304400
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