O Frango de véspera

Seu Zé passou a quinta feira toda dizendo que na sexta iria comer um frango. Mas sabe como é dona de casa... Um pé na máquina de costura e outro na cozinha. Quando se tem menino doente então, ai é que é “samba do criolo doido”. Mas no final das contas, as vezes, tudo dá certo.

Dona Vitória, coitada, estava agoniada lavando roupa, cuidando do seu neto que estava doente na rede, esperando que o marido mandasse pelo filho mais velho o frango para comer no almoço e no jantar. Quando de repente, entra na casa aquela vizinha que vem ajudar, pedindo ou trazendo sempre algo.

Enquanto conversavam, sobre a vida alheia, enquanto falavam de novela, Dona Graça deixava sobre a pia restos de peixe para seus gatos e cachorros. A mesma pia que mais tarde abrigaria o abençoado frango, enviado pelo maridão.

Conversa vai, conversa vem e o lixeiro ia passando... Cachorro latindo, gente correndo com o lixo, gente reclamando, musica no ar e dona Vitória agoniada deixou um tanto de roupa na bacia e outro tanto no varal, enquanto corria também a cozinha para pegar o lixo, enquanto corria ao banheiro, quando deparou com dois sacos sobre a pia. Já não lembrava mais, de relance pegou um dos sacos e sem saber por que lança-o para o lixeiro levar.

Mais do que confusa, ia começar a pensar, quando apareceu dona Rosemar, dona Alda e dona Rosana para falar do filho da vizinha que havia sido preso.

A hora passou, lá perto do meio dia, cansada e baratinada ela foi cuidar do almoço jantar. Ao abri o saco...

Surpresa!... O que havia ali era nada mais do que as tripas de peixe.

Nessa mesma surpresa o marido chega e ainda pergunta:

- Amor!... O que temos para almoçar!

- Ela sempre otimista, não perdeu a pose: Ora querido, embora você tenha anunciado na quinta feira, o frango demorou tanto pra chegar, que do almoço acabou virando peru para o jantar! E como sei que ainda vais tomar banho, é melhor eu ir comprar uns ovos, pois sei que dessas tripas de peixe sobre a pia, só o lixeiro é quem vai gostar.