CONSCIDÊNCIA ACIDENTAL
Estava saindo de um churrasco, contou Ivonete, quando ao montar na moto para sair, ouviI uma pessoa pedindo para esperar; olhei para trás e viu uma moça acenando. Aguardoei. Narra Ivonete. Ela se aproximou e perguntou se eu poderia lhe dar uma carona, pois o carro em que a mesma tinha ido, encontrava-se muito lotado. Apesar de conhecê-la apenas de vista, concordei, já que estava indo à direção que ela pretendia ir, não custava nada lhe fazer uma gentileza. Saímos. Não entendi como aconteceu talvez ela não estivesse bem apoiada, pois mais ou menos cem metros percebi que a moça havia caído da garupa. Quase morri de susto. Parei imediatamente e fui ajudá-la, verificando se ela havia se machucado muito. Ela disse que estava bem, apenas o pé estava doendo muito. Quis leva-la ao pronto socorro, mas não concordou, pediu para levá-la em casa. Depois de deixá-la, fui para minha casa muito preocupada, não sabia bem o que fazer para ajudá-la. No dia seguinte ao chegar do trabalho, recebi um recado: deveria comparecer na delegacia com os documentos da moto. Fui informada que a moça havia quebrado o pé; e ao ser interrogada sobre o acontecimento, disse que havia caído de uma moto; então, fui convidada a prestar esclarecimentos sobre o acidente. Apresentei-me, e prestei os esclarecimentos necessários. Em seguida fui até a casa da vítima , conversamos novamente, ela disse que estava tudo bem. Providenciei alguns medicamentos que ela estava precisando, e voltei para casa. Depois disso, algumas vezes ainda procurei saber como ela estava. Depois nunca mais a vi.
Meu transporte continua sendo a moto, procuro sempre andar com cuidado. Mas acidentes acontecem.
Quatorze anos haviam se passado após esse acontecimento. Estava eu parada num semáforo, aguardando o sinal verde; distraída não percebi que uma pessoa havia estacionado o carro próximo ao meio fio, logo na minha frente, e saiu atravessando a rua entre os carros parados. O sinal abriu, acelerei a moto no momento que a pessoa passava na minha frente. Atropelei-a. Fiquei apavorada, algumas pessoas correram para nos ajudar, pois os carros estavam passando. Um rapaz nos colocou sentadas na calçada de uma loja, nos trouxeram água, procuraram saber se estávamos bem. Eu tremia muito, estava bastante nervosa. Foi tudo muito rápido, que não tinha entendido bem como havia acontecido. Olhei para a pessoa que eu havia atropelado, a fim de verificar como ela estava e chamar uma ambulância, se necessário. Qual não foi nossa surpresa quando nossos olhos se encontraram? Era ela, a mesma pessoa que caiu da minha moto há quatorze anos. Ela disse: - Não acredito! Pela segunda vez esta moto quebra meu pé. Eu disse: infelizmente querida, é uma coincidência acidental. A moto não é a mesma, mas a motoqueira é.