O REI MENDIGO

Certa vez um rei, querendo saber o que o povo pensava a seu respeito, saiu às ruas fantasiado de mendigo e ficou ouvindo. O povo falava de fome, do preço das coisas, de esporte, de trabalho. Falavam mal uns dos outros. O rei continuava ali, ouvindo apenas. Ficou o dia inteiro, mas não ouviu ninguém falar do rei. Estava desanimado. Já se preparava para voltar ao palácio quando teve uma idéia. Chamou um dos passantes e perguntou o que ele achava do rei. O passante abaixou a cabeça, curvou-se e disse: “Majestade, o nosso rei é o melhor rei do mundo”. Pediu licença e cortesmente se retirou. O rei ficou intrigado, chamou outro homem do povo e perguntou a mesma coisa, recebendo a mesma resposta. Ficou irritado e voltou ao palácio.

Como mendigo ainda, adentrou pela escadaria, mas foi barrado na porta pelos guardas e enxotado para fora dos domínios reais, como um cão. Então ele se despiu dos ornatos de mendigo e voltou às escadarias. Foi ovacionado pelos nobres, os clarins tocaram à chegada do rei e a guarda de honra, nos seus melhores uniformes, conduziu ao trono o grande chefe.

E o rei nunca mais esqueceu que o povo conhece os verdadeiros reis, sejam eles mendigos ou nobres. Os palacianos só conhecem o rei pela roupagem.