TRINTA DIAS DE ENGANO*
Época que para ela não tinha a alegria e as celebrações que outrora... Ajuntamento de pessoas, familiares, amigos deixava para outrem. O que queria mesmo era ficar consigo só. Gostava de sua companhia, era quem a compreendia. Os acontecimentos, as notícias e telefonemas dos últimos dias fizeram com que a opção pela solitude fosse tomada irredutivelmente. Não aos telefones, não às mensagens, não às reuniões de confraternização. Aproveitaria a coleção de filmes e diante da telona ia relaxar e imaginar – tal qual a proposta daquela companhia.
Lembrava de pessoas importantes, de outros anos felizes e olhava pro céu tão azul em dia tão quente deixando o suspiro sair arrastado... Seu coração reconhecia as pessoas bondosas e recusava-lhe uma reação. Seu estado apático voltava e nem o pensar tinha muita organização. Os coloridos papéis, tintas, recortes faziam agora parte do passado. As letras não fluíam mais e decidiu fechar as portas e entrar em férias. Até quando lhe fosse possível.
A sentença que pesava sobre si agora lhe fora dada pela autoridade judiciária: “você ainda vai pagar pelos 30 dias de impulsividade”.
* Que se estenderam pelo pior ano de sua vida!