O DEFUNTO DE VARIAS DONAS

Seu Belarmino, um sujeito muito trabalhador, mas tinha um grande defeito: Gostava muito de ter várias mulheres. O tempo todo. Já diziam que ele possuía sete mulheres e com sete filhos cada uma.

Sempre que eu o encontrava ele me dizia que tinha sete famílias para sustentar e quarenta e nove filhos. É brincadeira, mas é verdade. Cada dia ele dormia na casa de uma de suas mulheres.

Muito trabalhador e com saúde de ferro para agüentar as mulheres, fazia ele caminhada diariamente e nestas caminhadas, de vez em quando, ainda arrumava uma oitava mulher, mas era somente para descansar, assim ele me dizia.

Em todas essas famílias, Seu Belarmino dizia que nenhuma delas brigavam entre si. Não faltava nada para nenhuma mulher e seus filhos.

Quase todo dia, lá ia Seu Belarmino para a loteria fazer uma “fezinha”. Sempre e com bastante convicção, ele afirmava que ganharia na loteria e compraria um carro para cada mulher.

Foi em uma destas tentativas, que Seu Belarmino ganhou o premio da Mega Sena e por incrível que pareça, ganhou ele sozinho. Ficou Seu Belarmino o homem rico, um milionário mais popular e amado da cidade.

Ele, porém, não acreditou, mas quando conferiu o cartão, estava premiado e a felicidade e a emoção foram tantas que ele “ abotoou o paletó”, frase usada no interior para dizer que o fulano de tal morreu.

Grande foi a confusão. As mulheres de Seu Belarmino reivindicavam o corpo do defunto para velar. Onde, em que casa, pois o finado tinha sete famílias. Seria na casa da Maria, da Joana, da Terezinha, da Patrícia, da Valdete, da Márcia ou da Francisca?

Ninguém sabia. Por causa disto, todas queriam uma “beiradinha” da grana e até o Juiz de Paz da cidade entrou na briga, porque a Franciscao era sua filha.

A confusão foi grande. Nenhuma delas concordavam e não se cediam por nada o direito de velar o Seu Belarmino.

Fiquei sabendo que apareceram mais três mulheres que diziam ser amantes do finado e a briga começou.

Não se falava mais nada na cidade. O tempo passava. O corpo já precisava ir para o velório e anda não tinha decidido o que fazer.

Então chamaram o padre, o pastor, o delegado, o chefe de policia e até o prefeito para convencerem as viúvas para entrarem em acordo. Nem assim elas decidiram. Estava uma verdadeira baixaria. O corpo é meu, não, ele é meu, não, é meu...

Com isso, o tempo ia passando, a tarde estava chegando e ainda não havia decidido que herdaria o corpo.

Ainda não havia decidido e então o dono da funerária, já cansado daquela comédia, decidiu e falou assim:

- Já que vocês não querem decidir e cada uma reivindica o velório, então o corpo será velado aqui, na praça, para que todos possam chorar, rir, divertir, cumprimentar e fazer de tudo o que se pode fazer em um velório.

Dessa forma, aceitaram a sugestão e o velório foi feito em praça pública. Muitos choraram, outros rezaram até a hora do sepultamento.

Terminado o velório todos se retiraram. Imagine o ocorrerá no momento de fazer o inventário e a distribuição da herança?

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 01/10/2011
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