Contos do eremita - a vida e o baile de máscaras
Um jovem estava caminhando pela floresta em busca de "algo". Achou árvores, folhas, flores, animais, frutas...e por fim, uma clareira. No meio dela, uma fogueira acesa e alguém do outro lado. Estranhou muito a cena, principalmente por que a pessoa estava encapuzada e não fazia tanto frio assim. Resolveu aproximar-se de qualquer forma.
- Olá, filhote de humano... - soou uma voz rouca de dentro do capuz - O que procuras? Sente-se e aqueça-se, lhe fará bem.
- "Filhote de humano"? Eu não sou nenhum filhote, senhor. Os animais é que tem filhotes, os humanos tem crianças.
- E o que são os humanos além de outro tipo de animal e "crianças" além de outro nome para "filhotes"?
O jovem não conseguiu responder...mas lembrou-se de algumas histórias que lhe contaram antigamente.
- Senhor, o senhor é o tal eremita ao qual as pessoas vem fazer perguntas?
- Se dizem isso, talvez eu o seja para eles...talvez. Ao falar em perguntas, lhe farei três. Bem...tomando a sua pergunta como verdadeira, não é o que exatamente você está fazendo desde que chegou? Segundo, qual é a próxima pergunta? Terceiro, o que é uma pergunta?
O jovem não conseguiu responder, mas ficou algum tempo olhando a fogueira e refletindo sobre as perguntas do estranho ser encapuzado.
- Senhor...essa é uma situação bem...anormal.
- "Anormal"...no sentido de "fora do normal", filhote? No conceito dos cegos, sim. Acompanhe o seguinte raciocínio: vocês chamam de "normal" o padrão. Chamam de "padrão" o que é igual. Mas, o que é o "igual" se em algum nível todas as coisas tem alguma diferença? Se as coisas são diferentes em algum nível, não existe um padrão, logo não existe o "normal" e o "anormal". Esses tipos de conceitos são máscaras que vocês criam para conseguir aturar uns aos outros, já que não entendem a verdadeira natureza das coisas. E assim, vocês vivem em um eterno baile de máscaras.
O jovem foi embora pouco tempo depois. Não encontrou respostas, e sim perguntas, mas acabou encontrando "algo": a satisfação na insatisfação.
Dija Darkdija
P.S.: Isso foi escrito pra um trabalho onde é preciso criar uma "situação onde possa ser aplicada a indagação filosófica". Bem, minha resposta é "Na literatura, pra que o leitor reflita sobre questões determinadas pelo autor". Espero que a professora aceite, por que da última vez que inventei de ser viajosamente criativo levei um tapa. rs