O sertanejo universitário

Todo dia ele acorda. E dorme. E acorda de novo. 5 horas da manhã, segundo o despertador. Levanta-se conformado e muda-se a roupa com louvável rapidez (cuidado para não acordar os familiares). Vai para a cozinha, beberica um leite aqui, come uma bolacha vagabundeca e se vai.

Na rua, apenas latidos de cachorro e desolação. Frio não é comum no sertão, mas naquele dia estava diferente dos demais. Sem agasalho, pena. Ladeira a baixo para a rodoviária. Chega lá, a excessiva luz lhe ofusca os olhos. Mas vai, semi-acordado e compra sua passagem, sempre no mesmo lugar. E lá mofa mais meia hora... epa! Chegou o ônibus. Entra no ônibus ignorando o motorista e o cobrador e senta na cadeira de costume. Mofo de novo.

Passa uma boa parte do sertão, até que chega na tal cidade litorânea (claro, não percebe que passou). Acorda de novo, e dispara para universidade. Chega atrasado, toma bronca, mas está tudo bem, já está lá. Lá, nada pelo mundo da informação. BRAINSTORMING. E ele se extende, se estica, se entende, se espicha e alcança. Fim do Brainstorming, volta para casa. Encontra os mesmos funcionários no ônibus, desta vez lúcido, e os cumprimenta. Na volta, faz algo semelhante do que fez na ida: mofa. Mofa até chegar na rodoviária, que o acorda pelas luzes excessivamente fortes. E vai mais uma vez em direção à sua casa, semi-acordado, cansado, nocauteado. Entra em casa, come os restos do que sobrou da janta dos familiares e, novamente, cuidado para não acordar os familiares. Faz suas necessidades básicas e dorme.

Bruno Paiva
Enviado por Bruno Paiva em 02/09/2011
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