O casamento da menina-mulher
Ao amanhecer estava eufórica, pois era o dia do seu casamento, pobre menina-mulher, mal deixou a doçura da infância, estava entrelaçada no laço do matrimônio.
Andando pela casa, mandando e desmandando, dando ordens as negras que corriam feitas loucas a fazer os mandados da sinhazinha. Na cozinha exalava-se um cheiro gostoso das comidas, o preparo para o jantar do casamento. Um negrinho chegou com o vestido de noiva da sinhazinha, uma renda fina trazida da capital, com um bote arrancou das mãos do criolo o embrulho, tão depressa correu para o quarto, chamando aos berros sua criada para que lhe ajudasse a experimentar o vestido.
Agora vestia não mais seus vestidos de menina, mas sim de mulher, admirava a brancura e a elegância que este tinha, ficando horas se olhando diante do espelho, sorridente, sonhando...
O pai e a mãe da menina-mulher estavam ansiosos, pois o casamento da filha não se tratava apenas de um elo familiar, mas também de um elo financeiro entre as duas famílias. Ao entardecer, perto de ocorrer à cerimônia, um criado quase sem fôlego chega a fazenda do pai da noiva e lhe entrega uma carta que tinha por remetente o noivo da menina-mulher, e lendo a carta a menina-mulher foi transformando-se, ficando apenas menina.
O casamento estava acabado.