A magia do arco-íris...

O sol rompeu a aurora num gigantesco arco luminoso.

Como cratera em chama jorrava brilho por todos os recantos da cidade.

Lívia adormeceu profundamente durante a viagem.

Despertou quando o ônibus chegou ao ponto final.

Ajeitou seus cabelos e foi ao encontro dos entes queridos.

Marília, sua comadre e cunhada estava acompanhada de seus dois irmãos mais jovens. Todos se cumprimentaram com afabilidade e rumaram para a casa de Marília. Chegando lá, Lívia tomou um delicioso banho e vestiu-se com esmero.

Após o ritual costumeiro apareceu no topo da escada sorrindo.

-Ah! Está uma “boniteza”, falou sua cunhada.

Todos riram. A moça tomou uma xícara de café e se sentiu revitalizada.

-O tempo está passando falou Marília: vamos ao encontro de José e seu pai, no hospital.

Enquanto circulavam palas avenidas do ABC Paulista, o silêncio propiciava à Lívia recordações indeléveis.

Recuou no tempo, vivendo dias frios envoltos por uma camada de névoa que engolia a cidade.

Com o olhar longínquo pensava: “São Paulo, menina deusa, cidade dos sonhos, só quem viveu o seu universo conhece seu poder de sedução.”

Um oásis de emoção invadiu a alma de Lívia.

De repente, Marília parou diante de uma praça dissipando o sonho da jovem.

-Vamos descer para que Lívia conheça esse paraíso.

Havia chegado o momento, Marília entristecida e pálida deu a notícia à moça.

-Seu pai despediu-se da vida ontem às l7h30, entregou seu corpo cansado fazendo a grande viagem. Lívia pendeu a cabeça e seu peito soluçava de dor, sendo amparada pelos seus amigos. Rumaram para o Jardim da Colina parando diante de um portal, onde se lia: “Aqui o homem se iguala.”

Lívia encontrou-se com José, seu único irmão.

Num longo abraço lágrimas se misturaram e com mãos entrelaçadas adentraram na sala onde Pedro parecia dormir.

Em seguida enveredaram pela colina e sentaram-se debaixo de uma árvore frondosa.

O vento soprava sondando os pensamentos daqueles corações pungidos.

Passado algum tempo, o tic tac do relógio de José chamou-lhe à realidade.

De mãos dadas caminharam ao encontro de seu pai para o último adeus.

Entardecia e o sol incidia seus raios solares sobre as nuvens que ziguezagueavam no céu. Numa junção amorosa, a natureza com seu pincel mágico presenteou a colina com um deslumbrante arco-íris.

Lívia extasiada esboçou um lindo sorriso. José preocupado olhou para a irmã e perguntou: -O que se passa com você? Está tudo bem?

Ela apontando para o arco-íris disse: - “Veja nosso pai está lá no arco-íris!”

José passou as mãos pelos cabelos e abraçou a irmã dizendo:

-Você continua sendo a mulher pitonisa, não é?

Lívia com um sorriso infantil contemplava o semblante jovial do pai, que flutuava entre as cores do arco-íris. Pensava:

Lá está o menino!

Brincando de viver

E feliz viveu

Pedro, o menino

De alma cândida

Do arco-íris renasceu

As horas passaram...

À noite penumbrava e a lua desabrochava majestosa, iluminando a Terra.

Lívia ficou pensativa no axioma da morte.

Ainda, permaneceu alguns dias com seu irmão.

Numa manhã primaveril, ensolarada retornou para seu lar.

Seus olhos levaram para sempre a magia do arco-íris.

magda crovador
Enviado por magda crovador em 14/08/2011
Código do texto: T3159651
Classificação de conteúdo: seguro