Na sala!
Acomodou-se na poltrona, leu 1 jornal, e dormiu em seguida.
De notícias, já estava cheio.Queria mesmo era ter um espaço pra descansar depois de tantas cobranças.A casa estava exatamente como da última vez em que recebera uma visita tão ardente e pura.
Pois o preto das cortinas, parecia refletir a imagem do vestido em que sua amada vestira para o último encontro. O tapete manchado de vermelho, onde ele havia deixado cair um vinho barato, que comprou com uns trocados que restara de suas economias.Afinal, não se pode comprar tudo, mas sim o necessário!
Ela estava ali a seu lado, ele fastou-se para o lado e inclinou a cabeça como se desejasse apoiar-se naquelas coxas macias.Sentiu que o vinho estava tomando a consciência que ainda lhe restara.Ouviu uma voz macia ao seu ouvido que o fazia queimar por dentro.Ela o chamou para uma dança, ele não sabia se aceitava ou se corria o risco de pisar-lhe o pé. Então, ele sorriu.Mesmo depois de tantas lágrimas que já havia derramado diante do espelho, todas as vezes que olhava a sua imagem e via que o vazio o consumia.Ela teria o abandonado, várias vezes.Ele nunca negou as desculpas dela depois de uma briga, uma fuga de casa.Não quis respostas, também não fez pergunta alguma.
Assim, ele aproveitou aquela noite com o sentimento de mais uma partida.Dançaram todas as músicas que fizeram parte dos primeiros encontros.Nada de palavras condenadoras, nada de choro, nada de ressentimentos.Só o abraço forte de carinho e o beijo da paixão que o dominava toda vez que a sentia a presença dela por perto.
O tempo retomara o caminho de antes, todos os desejos estavam reacendendo suas expectativas, ele estava preso por um sentimento de domínio e nem, se quer, reclamava que era sofrimento.
Naquele momento, podia ser usado, ela poderia até esquecer seu nome, dizer que só voltou pois tinha algo que não a deixou seguir a vida a diante.Ela precisava resolver esse impasse.Nessa ordem, tanto ele quanto ela estavam liquidando uma dívida.
O perfume dela estava cada vez mais penetrante como se o olfato dele perdesse a sensibilidade para notar que eles agora,estavam sobre a colcha improvisada;deitados no tapete coberto de vinho.Cenário perfeito, para uma musa.
Depois de muitos sussurros, gritos e gargalhadas.Eles brindavam o sucesso daquela noite.
Antes de pegar no sono, olhou-a até dormir.
Quando acordou, percebeu que o vinho era branco e ela já teria partido.