A vitória de Davi sobre Golias nos céus da minha cidade

Contando ninguém acredita. Só mesmo vendo para crer. Por mais incrível que possa parecer, foi isso mesmo que eu acabei de ver nos céus da minha cidade. A vitória de Davi sobre Golias, que ninguém podia prever. Foi assim seu moço que vi tudo acontecer. É a pura verdade. Pode crer.

Numa manhã cinzenta,

Uma andorinha cisma modorrenta

Empoleirada na antena da tevê.

Era um dia qualquer do ano, logo ao amanhecer,

Nem te conto!

De um ponto qualquer no espaço

Arteiro e atrevidaço um predador matreiro

A tudo observa esperando a hora certa

De dar o bote certeiro.

Prenúncio de mais uma carniçaria.

Golias já percebeu e registrou a situação

Que está lhe parecendo mais uma ninharia.

Chegado o momento

O abominável animal

Inicia o voo em círculos concêntricos

Espiralados na direção da pobre vítima

Que hipnotizada

É presa fácil e abochornável

Tonta,

Se sentindo encurralada

Como numa cerca virtual

Está à mercê do grandão malvado

Que intensifica o ataque,

Certo do que vai acontecer.

A sua tática de combate

Perfeita e certeira

Nunca falha.

Não pode falhar.

Mas o inesperado que se segue

Ao grito de guerra

Estridente e decidido

que inesperadamente ecoa no ar

bem-te-vi!, bem-te-vi! bem-te-vi!

Pega Golias de surpresa

Até esquece a presa

E para se proteger

Bate em retirada

Voando em disparada

Ligeiro para longe sem destino

Tentando fugir do pequenino Davi

que atrevido vai célere no seu encalce

e por cima lhe desfecha

uma saraivada de bicadas

com arrojo e coragem

até vê-lo se afastar dali

Bendito Bem-te-vi

Eu nunca vi

Mas tem quem diga

Que em algumas vezes Golias

Consegue virar o jogo ao seu favor

Usando das habilidades de predador

De repente da um giro sobre si mesmo

Fica de frente

Pegando o Davi desprevenido

Mas eu não acredito

Eu não quero acreditar

Não seria justo

Golias contar vitória

Se fosse assim

A história não seria eternamente contada

Como exemplo de que nem sempre

O maior é o melhor

Nem sempre sai vencedor.

Que horror!

Alena Ajira
Enviado por Alena Ajira em 03/08/2011
Reeditado em 23/06/2015
Código do texto: T3136412
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