Peguei o telefone e disquei.

Meu coração martelava enquanto a ligação era completada...

Lembro ainda daquele telefone vermelho que era o que me colocaria perto de ti...

 

-Não,não precisas me interromper...Deixa a   ansiedade de lado...Logo te conto como  tudo aconteceu ...
 

-Shhhhhhhhhhh...se me interromperes, não posso falar!

 

Assim, Isabela tentava explicar à sua filha  segredos de muitos anos atrás.

 

Eu estava muito aflita, precisava desabafar e num desespero, tomei 82 comprimidos, queria morrer, dizia ...

 

Foi nessa hora que te liguei e ainda com a voz embargada,  revelei que teu pai não é teu pai...

 

Depois da revelação, nada mais vi.

Apenas acordei no hospital, amarrada em uma cama, numa clínica onde me disseram sempre receber as visitas de vocês, filhas, e eu sem perceber, pois havia ficado em coma por mais de trinta dias.

 

Agora, depois de tudo passado, ainda quero retomar o tema e sempre foges dele.Por que,filha? Me julgas?

 

Quero dizer que foste fruto de um lindo amor e tiveste ainda dupla sorte, a de ser aceita por quem,  na realidade,te amou desde logo, mesmo sabendo não ser dele a criança que eu levava no ventre.

 

Assim, filha, dá cá um beijo...

 

Estou nos meus últimos dias de vida...

Preciso ter a certeza que REALMENTE me perdoaste e não apenas fingiste nada saber,todo esse tempo...

Preciso disso pra morrer em paz!

 

A filha,também já idosa,abraça a mãe...

 

Ainda que nela reste sempre uma pontinha de sentimento por não ter tido a chance de ver seu pai verdadeiro, sabia que tinha sido amada.E não cabia a ela julgar ninguém...

 

Voltou lá,abraçou novamente a mãe, a beijou,sabendo que dentro em pouco, não mais poderá fazê-lo...

Rejane Chica
Enviado por Rejane Chica em 02/08/2011
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