O Encanto de Lunabela
O ENCANTO DE LUNABELA
I
Flechter corra para a colina!
O Rei das sombras lhe procura,
Ele quer vossa menina.
Ele concede tempo a quem tortura,
Mas é um tempo que tem nas mãos,
Disposto a usá-lo seja qual for a finalidade,
Contra crianças, varões e anciãos,
Comprando e arrancando liberdade.
A brisa lírica que o Palácio sentiu
Enfeitiçou o Senhor Cruel e seu poder,
Sua menina ao negro poder encantou;
Pode ser da terra má, o amanhecer!
Corra aldeão, para o desfiladeiro,
Pois do alto das Montanhas Brancas
Os grandes condores são os mensageiros
E deles nenhuma verdade se arranca!
Ó AGAPÉIA vede aonde chegou o escuro,
A Luz das manhãs está ferida
E o povo chora ao muro
Uma sangrenta guerra que antes era vida.
O Vale do Ouro consumiu-lhes o coração,
Com a gélida neve, com a ambição,
E repartiu escravidão e liberdade,
Mesclando mentira e veracidade!
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II
O Príncipe Azul sucumbiu à armadilha,
O sol da justiça que sua coroa criou
Ofuscou-se na frieza da Ilha,
Onde o coração rebelde pulsou!
A Luz Dourada tornou-se o estopim
De uma Era de gritos e sussurros,
Onde não se vê meio para um fim,
A não ser o intento de um urro!
O Conde do Vale decidiu trazer
Para si a autonomia
Da terra dourada e viver
Sem fugir como fazia
Do poder Imperial,
E usufruir da autoridade
Que se partiu como cristal
Perante o Rei e a sagrada sociedade.
E o Conde destruiu,
Toda e qualquer influência
Que o Real Trono instituiu
Desde a pioneira ascendência,
Ele quebrou as leis
E libertou seu povo dos tributos,
Transformando em vilões os Reis
E os sacros dias em lutos!
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III
O Soberano fora golpeado,
Não no corpo, não em matéria,
Mas fora atacado
Ele e a GRANDE AGAPÉIA;
O Vento Ordenador soprou sem direção,
A forte Ordem Élfica se resumiu
À tribo de uma Federação
Onde o Conde seu poder construiu.
Em toda continental terra,
Nunca em todas as eras,
Ouviu-se tal rumor de guerra
Nem se viu tantas feras
Prontas para reduzir
Seus oponentes em pó,
Mandadas para destruir
Inimigo-Mínimo e Inimigo-Mor!
O Conde do Vale Dourado cercou
Seu rebelde Condado
E sua mão fortificou
Os levantes por ele encorajados;
Sua conspiração colo encontrou
Nos subúrbios da terra,
Nas províncias envenenou
Pacíficos para a Guerra!
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IV
O Príncipe Azul tornou-se o vilão
Que sua personalidade rejeitava,
Mas a Conspiração trazia à mão
A farsa que ao povo enganava;
O Ouro Maligno emergia,
A Ordem Élfica se corrompia
E o Soberano deixou sua morada
Pois havia chegado o Tempo da Espada!
Fileiras de elfos marcharam,
Feras e mercenários beberam rios,
Sob os olhos do Conde eles bradaram,
Famílias inteiras: pais, filhos, tios;
Tribos eram dilaceradas
Inocentes, atacados sem piedade,
As Tropas não podiam ser derrotadas
Pois em seus pés não havia liberdade!
Na sagrada DALKSUR, a capital,
O Vento Ordenador era em presságio
Da peste e de seu contágio
Trazendo consigo em silêncio sepulcral;
Nobres, mercadores e servos corriam,
Com suas famílias se escondiam,
Ninguém via salvação,
Pouco há o que fazer contra a ambição!
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V
A terra escureceu,
O mais improvável ocorreu:
Os Magos Lisenos, protetores reais,
Foram atraídos como animais;
Contudo, alguns guardaram a lealdade,
E não cederam à vaidade,
Ainda sim, pelos outros, a lua chorou,
E a Flor-de-Lis não desabrochou!
A plebe, os elfos e a magia,
O Conde os dominava com rigidez,
Guiava-os como lobos ao sereno,
E os embebia com seu veneno!
Vez após vez,
Dia ante outro dia,
A cada alvorada que surgia,
A luz sua guerra desfazia!
Como um círculo de fogo e medo,
O Mestre da Ganância avançou,
Avançou e avançou,
O poder que desejou!
Porém, um levante leal,
Fiel ao Senhor Real,
Marchou do Palácio pela fria madrugada,
De luz com a alma armada!
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VI
Um canto nos planos campos ecoou,
E fez respirar a esperança,
Que do povo se tomou,
Perante correntes de matança!
Do colo de um mero camponês solitário,
O cerne da nova salvação,
De mulheres, homens e do Nobre Mandatário,
Pulsou em toda terra em forma de canção!
Lamento e choro se ouvia,
Do norte ao sul se gemia,
Pois quem ainda vivia,
Ia aos prantos por quem em vão morria!
Mas foi quando em vitória bradava,
Que o Conde sentiu o Vento mudar,
E quando ordem de morte dava,
Ouviu uma criança cantar!
Um jovem camponês se tornou herói,
Deixando seu lar na planície,
E esquecendo o que ainda lhe dói,
Elevou seu formoso tesouro e lhe disse:
-“És nosso último auxílio, querida,
E nossa era dolorosa,
Até o fim da última rosa,
Daremos valor e louvor às nossas vidas!”
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VII
Pai e filha em amos se uniram,
Suas almas guiadas pelo Grande Vento,
Não esqueceram em qualquer momento;
Pois Flechter há muito tempo cria,
Numa suprema magia,
Que a sombria escondia,
Mas a guerra pelo amor,
Jamais findará em pavor!
Um juvenil casal se amou
E a Vida o concedeu,
Uma dádiva que iluminou
Duas vidas quando nasceu!
No instante derradeiro
A menina sufocou,
Mas com amor primeiro,
Sadrina cantou!
Antiga força era aquela,
Que deu vida à Lunabela,
Agora, poderosa donzela,
Pronta ante a neve que gela!
Ao partir, a mãe se esqueceu de si,
Fez seu amado sorrir,
Mas sucumbiu quando a salvou,
E vendo-a viva, expirou!
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VIII
Ao cume da alva montanha ela chegou,
Em auxílio tinha o pai persistente,
E ali se ajoelhou,
Tendo a mãe na alma e na mente!
O Vento Ordenador soprou em aviso,
E a moça compreendeu que devia começar,
Tirando do pai um belo sorriso,
Lunabela pôs-se a cantar!
Com sangue à espada,
O Conde Maligno ria,
E com a ofensiva ia,
Até a Cidade Sagrada!
Porém, a suave brisa ecoava,
O lírico som da menina,
Que com a voz atacava,
Do alto das colinas!
A intensidade do canto,
Descia do céu a terra,
Cessando todo pranto,
E paralisando a guerra!
Soldados, generais e mercenários,
Nenhum conseguia lutar,
Mas antes, ao contrário,
A música os fez ajoelhar!
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IX
Os poderes e os elementos naturais,
Homens, mulheres e rebentos,
Todos se puseram sob o Vento,
Até os funcionários reais!
O Príncipe Azul jubilou-se quando ouviu,
O canto salvador,
Pois reconheceu quando sentiu,
Que era o Vento Ordenador!
Nas grandes bibliotecas da Capital,
Papiros contavam uma profecia,
De uma donzela sem igual,
Que em música e amor venceria!
O Rei com paciência esperou,
Que o desígnio se cumprisse,
E em segredo confiou,
Que a donzela surgisse!
Em hipnose e encantamento,
Os guerreiros maléficos iam ruindo,
Com ágeis e preciosos movimentos,
Os leias do Rei estavam reagindo!
Pelas ruas e vielas dos vilarejos,
Entre pontes e torres das cidades,
Casais cessavam os beijos,
E lutavam com voracidade!
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X - FINAL
A profecia bendita reluzia,
Todo coração pulsante ela conduzia,
Ao centro da batalha derradeira,
Que Agapéia vivia!
Os generais em trincheiras,
Teciam planos de esperança,
Lançavam-se na confiança,
De que era o tempo da vingança!
Entretanto, Lunabela, não receava,
Nem punhal nem espada,
E aguardava desarmada,
Enquanto firme cantava!
O Príncipe Azul já se dominava,
Pela infantil pureza,
Que o canto lhe enviava,
E abençoava a natureza!
Enfim, o povo fiel venceu,
Com a mente e a alma em união,
Triunfou contra a Ambição,
E em mansidão se converteu!
A Piedade no Trono habitou
Pois um segredo épico ela revelou:
Diante de violência e dor,
O canto nada transformou – o poder é o Amor!
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