A história de Zuo, o caranguejo, e Diam, a pedra.

Ele não sonhava desde sempre,

suas noites não tinham cenário nem arranjo algum.

Quando pegava no sono se transformava em pedra,

uma pedra pequena, irregular, feia até.

E como pedra, via o mundo como pedra,

como não poderia ser de outro jeito.

Mas era uma pedra cheia de alma, com veias percorrendo seu interior

como estradas que não se sabia de onde vinham, nem aonde iriam dar.

Uma pedra que tinha medos, desejos, vontade tantas que mal caberiam numa pedra qualquer. Não era uma pedra qualquer. Era Diam.

Conta-se que certa feira um caranguejo cismou com ela. Queria porque queria transformá-la em pó.

Esse caranguejo, Zuo, pegou-a com suas garras e começou a bater no chão até o tempo pedir desculpas, até o vento desmantelar seu coração.

Zuo não teve dó, misericórdia ou pena de Diam. Tinha que acabar com a sua raça, seja qual fosse a raça que tivesse.

Foi nessa hora eu os encontrei. Confesso que, de início, achei que era algo banal. Banal até ouvir os gritos de Diam.

Sabe aquela história de deixar os céus ensudercidos? Pois foi bem pior, absurdamente pior.

Diam pedia por ajuda. Misturando suas súplicas com palavras desconexas no dialeto Vrancan, que era um dos grandes segredos de família, Diam estava desperada.

Nessa hora eu entendi o que se passava com exatidão, confesso que nunca imaginei que algo assim poderia existir nesse mundo.

Peguei Zuo com as duas mãos e olhei fundo nos seus olhos, dizendo para largar Diam imediatamente. Bastou dizer uma vez para Zuo perceber o mal que fazia e liberar Diam de suas garras.

Então o céu pôde, finalmente, arrumar suas malas e partir pra sempre.

A partir daquela hora, nunca mais os vi.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 30/07/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T3129088
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