O LAMPIÃO A ÓLEO CRU.
Quando tempo foi remoto e desapegado ao luxo,
Houve sossego por conta da falta de malandragem,
As casas não careciam de portas ou trancas,
Os furtos eram ridículos em suas freqüências,
As cadeias eram templos mal assombrados,
Viviam vazias por falta de delinqüentes na redondeza,
A honestidade era um produto farto, brotava sob as moitas
De calumbí, imburanas de cheiro, umbuzeiros, mangueirais,
Cajueiros, e outras arvores boas de sombras, não haviam
Contratos, pois o homem tinha como propósito fazer valer
O que falou num tratado de negócio, as noites eram longas
E enfumaçadas pelo combustível que alimentavam o
Artefato de iluminação, pois estes eram produtos primitivos
Extraídos no pilão, da mamona ou peão, ou dendê mais o sono que
Se dormia era tranqüilo, pois os antigos não acreditavam
Muito em assombração, e os vivos eram em sua maioria
Pessoas de bem, curiosamente na medida em que a tecnologia
Foi chegando, a delinqüência foi aumentando em ordem
Geométrica, e nos dias atuais, o lampião virou objeto de
Museu, os combustíveis que os alimentavam são extraído
Em larga escala em gigantescas indústrias, para uso automotivo,
porem o sossego do qual gozava a humanidade acabou-se, vivemos um momento em que as crianças são feitas em laboratórios, não respeitam os pais, e transformam-se em coisas estranhas quando crescem, e a vida Apesar de intensa luminosidade ao seu dispor, mergulha no mais
Profundo breu da escuridão, não há quem se atreva a arriscar um Palpite do que vai ser o amanhã da humanidade,antes voltasse o velho lampião, e as boas energias que o circundavam.