DIANTE DA MORTE
O médico entrou sorridente como sempre naquele quarto de hospital. É sempre bem humorado e transmite alegria aos seus pacientes. Quando ele chega o astral se transforma. Fez exercício de respiração com o paciente um, que pouco correspondeu. O dois sorriu e brincou com os exercícios respiratórios. Conversou muito, sorriu com o doutor que lhe dedicava uma atenção muitas vezes negada por tantos. O médico se encaminha sorridente ao paciente três. Transforma seu semblante instantaneamente diante daquele que não demorará muito a encontrar-se na eternidade. Abraça a filha que o acompanha, solidariamente e cruza os braços.
Fez um profundo silêncio contemplativo diante da morte iminente e expressa o mais profundo respeito pelo ser humano.
Fiquei do meu lado imaginando o que aquele médico tão acostumado a ver as mesmas cenas estaria pensando. Não há como saber. Seguiu-se assim por alguns longos minutos de silêncio coletivo. Ficou ali, sem nada fazer, apenas a olhar profundamente o homem e render-se diante daquela contra a qual lutamos mas um dia nos vencerá.
Ao sair sorriu novamente para todos e disse:
__ Fiquem com Deus. Eu estou aqui se precisarem de mim.