YASMIN
Esse louco amor que não se escreve é buscado continuamente em nossas vidas, independente de tempo, e não existe no viver nada tão prazeroso. E mesmo que num futuro incerto estejamos a destilar dores, a relembrar em mágoas passos mal dados, esse momento fica a emoldurar eternamente sofrido coração, onde uma futura moldura de amor nunca suplantará esse primeiro valor. E por mais que nossa sociedade tente transformar o primeiro amor em solidez de vida, o sabemos efêmero, onde a maior importância é sabermos tirar proveito dos momentos vividos, a saciar tão incontrolável desejo. E como os valores sempre se somam, o primeiro amor mostrando-se inicialmente em formato de paixão, apresento-lhes Yasmin, o doce encanto que arrebatou meu saudoso coração.
O encantamento deu-se nos quinze anos de Marina. E como estamos na busca contínua e o risco é iminente, muitas vezes aflora sem considerar qualquer preparação. Por sorte, estava eu com dezoito, motorizado, a comemorar promoção no primeiro emprego e cansado de tantas ficantes, que nada mais, somavam. E nesses três primeiros meses tudo de mágico aconteceu. O amor foi aflorando até ficar visível a todos, onde a necessidade de estarmos juntos se tornou uma máxima. E se na praia já tínhamos acesso a muito de nossos corpos, onde os olhares sorrateiros despertavam desejos de aprovação, foi em uma quarta-feira do início do mês de fevereiro, pouco antes do carnaval, depois daquele bronzeado especial na praia do Porto da Barra que decidimos, em troca de ternos olhares sem qualquer palavra balbuciada, inaugurar a nossa primeira vez.
A minha imaginação juntou tanto valor, somado ao cheiro e ao calor emanado daquele corpo escultural, já tão amado, que o pouco ainda não conhecido já estava inserido em um todo. E quando deixou a toalha escorregar-se por completo, mal saída do demorado e refrescante banho morno, apresentou-se de costas, quando a escaneei com parcimônia, a minúscula marquinha branca já desprovida de qualquer proteção recebendo suspiros contínuos de aprovação. E quando se deitou na cama da suíte 111 do motel Maximu’s, eu já estava com o dedo indicador a tamborilar nervosamente dois cubos de gelo, recém aplicados no segundo copo de uísque. E mal se voltou para mim, nossos olhares a se intensificarem numa troca muda, onde penetrei delicadamente a intimidade de cada pensamento seu, enrubescendo-a por completo, forçando-a a cerrar os olhos por breves segundos. Foi quando aproveitei para contemplar seu colo ainda úmido, a derramar-se em protuberâncias perfeitas e túrgidas, o olhar já imprudente temperado pelo malte a descer por saliências e ondulações bronzeadas em perfeição, até refrear na açucarada perseguida, a mostrar-se escandalosamente bela, pulsante em anafados lábios, coroada por um diminuto triângulo de mata cerrada, de onde emanava suave cheiro de pimenta rosa.
E se já amava aquela doce e cheirosa escultura sem qualquer defeito, já eleita dentro do meu âmago adorada e futura esposa, depois desse mágico momento o pensamento turbilhonava em deleite, a exigir em processos sincronizados todo um ritual que culminasse na garantia de justa e conjunta solidez. E quando seu doce olhar disse-me em gritos mudos que atingiu o ápice em delicada sincronia, senti em intumescida satisfação que o tão esperado e apetecido prazer era mútuo. E se enxergávamos qualidade em cada ato, somados em cada passo dado nesse gráfico de fatos sempre crescentes, esse terno momento veio coroar em êxtase tudo já desejado em muitas e muitas noites passadas, atormentadas por diversificados sonhos de solitária satisfação.
Perdido em teu jardim
Cheiros mil, eu vasculhei
Sublime essência: Yasmin
Fragrância “que mais amei!”