A volta do agosto.

A volta do agosto trás a sequidão para o agreste.

Homens e animais pastam sob o sol, cada qual rapando seus restos de dias.

Cães vagam sonolentos pelas sombras, recostados nas paredes; enquanto homens diminuem o ritmo laborativo, seja qual for.

Uns trabalham assoviando, outros xingando, uns latindo, ou mesmo os que trabalham calados, os perigosos.

Os cães mortos são logo arrastados para longe do acesso público, para que não infectem e nem choquem as crianças, ou enterrados ou jogados em terrenos baldios. Normalmente são levados para fora da cidade, o que não é muito difícil de fazer por aqui, pois a cidade acaba onde a visão pode enxergar; é mínima e se vê o fim se for ali na esquina. Mas é uma cidade legal, ativa, vida e noite produtiva, com muita coisa para se fazer, principalmente quando grande parte do povo gosta de falar dos outros e beber cervejas em botecos, os balanga-beiços.

Beiços a balangar é o que mais tem por aqui...

Se houvesse maior incentivo do poder público, no que se diz respeito à cultura, daqui brotariam muitos escritores e contistas fecundos...

Mas, daqui aonde?

Savok Onaitsirk, 19.07.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 19/07/2011
Código do texto: T3104944
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