LENDAS EXÓTICAS I. LIA LÚCIA DE SÁ LEITÃO - 17/07/2011

1ª LENDA - A VITÓRIA RÉGIA

Tudo acontece em perfeita ordem quando o assunto é o amor da linda índia, MARAÍ pelas estrelas. A jovem mais bela da tribo queria a todo custo tornar-se uma das estrelas do céu, não importava uma daquelas estrelas pequeninas, ou daquelas enormes que servem de guia para sua gente. MARAí, ao entardecer e principalmente em noites de Lua corria para uma lagoa de águas transparentes e mornas. Deitava na relva à margem ou ficava boiando naquelas águas transquilas.

Olhava o firmamento e sonhava cintilante.

Um dia MARAÍ segredou aos peixes e ao boto cor de rosa o seu desejo de se tornar uma estrela. Todos ficaram meio assustados, para a indiazinha tornar-se uma estrela era necessário Jacy ouvir as suas preces.

Todos dali da lagoa começaram a perceber que a moça estava definhando em seu desejo, triste, não encantava mais a selva com sua voz melodiosa e todas as noites as lágrimas da menina enchiam um pouco mais a lagoa.

JACY estava compadecida e há muito procurava uma solução para aquele problema, certa feita, aproveitou-se de uma reunião com Tupã e pediu para o deus concedê-lhe um pedido, TUPÃ estava convicto que seria algo fácil, mas precisava saber do que se tratava antes de prometer qualquer coisa. JACY pede para TUPÃ uma entrevista a sós, pois o assunto era delicado e TUPÃ muito sábio aceita conversar outra hora com JACY.

Foi a sorte de todos dali da lagoa, a arara vermelha era a ave mais barulhenta da região viu TUPÃ e JACY conversando sobre a indiazinha, logo alardeou que era necessário intervir em tamanha loucura da menina, ia para o céu e deixaria todos na Terra e nas águas com muita saudade. A Arara Vermelha convocou uma reunião com todos da redondesa e não faltou um animal, nem as formigas e finalmanete resolveram por unanimidade: peixes, animais de quatro patas, boto cor de rosa, peixe boi, tuiuiu, plantas aquáticas, passaros, patos, cobra Norato, jacarés e Curupura, até a IARA se compadeceu da moça e imploraram a JACY, a Lua para ouvi-los, e um dia JACY desce na lagoa, bem dedonda e brilahnte, nesse dia a menina não foi na lagoa porque estava sem forças para caminhar, ela tinha caido em uma fraqueza profunda porque não queria comer seus bejus nem os peixes assados que a mãe oferecia. Então a Coruja se manifestou emnome de todos. Se MARAÍ desejava ser estrela e com tantas estrelas já existentes no céu, como eles reconheceriam a indiazinha no firmamento?

Foi um salseiro tão grande que JACY resolveu não atender o pedido da menina, mas, para deixá-la feliz prometeu trabsformá-la na mais belas das estrelas terrestre. JACY apareceu em um sonho para a mãe da indiazinha e prometeu transformar MARAÍ em uma MURURU, a estrela dos rios. Assim JACY o fez, numa noite estrelada em que a LUA alumiava cor de prata as águas dos rios, dos iagarapés e da lagoa de MARAÍ. JACY transformou MARAÍ em uma MUMURU. Uma linda estrela dos rios conhecida como a VITÓRIA RÉGIA.

2ª LENDA A IARA.

A Iara era uma índia linda, corajosa e guerreira. Os índios tinham inveja dela, principalmente os dois irmãos, que pretendiam derrubar a harmonia que a moça mantinha emtoda a tribo, quando saia para o rio ou igarapés sempre levava os indiozinhos maisjovens para ensinar a arte da pesca com arpão. Quando saia para pescar não se furtava em convidar outro grupo para aprender a destreza como arco e flechas, sem contar que era ela quem ensinava cantos para as meninas e mocinhas da tribo plantarem mandioca com alegria.

Um dia, o cacique chamou todos os jovens e revelou que faria uma festa na tribo commuita dança, muita comida e muitos jogos de jogos, pois desse evento ele escolheria as moças para casar com seus dois filhos e um rapaz para casar com a sua filha amada. Foi aquele alvoroço entre todos osjuvens bem sucedidos na tribo e para as moças casadoiras um sonho a ser conquistado.

A jovem índia também se enfeitou e ficou ainda mais bela, mas como gostava dos jogos seriaum páreo difícil de vencer porque elaera a melhor. Na tribo, os dois rapazes irmãos da linda moça começaram instigar outros índios para não competirem e se recusarem casar com a irmã, seria uma afronte e a forma de mandá-la para a selva. Afastá-la da comunidade seria a glória de todas as lutas. Como nenhum rapaz concordou. os dois resolvem matá-la. Ela ouve a trama, mas não conta para o cacique. Nos jogos de luta, a moça vence todos, e chega o momento que ela escolhe os dois irmãos para a última contenda, e, nessa infeliz luta, mata os irmãos. Arrependida a índia foge sozinha para a selva. Os índios movido pelo ódio e chefiados pelo seu pai capturaram a moça e como castigo atiraram-na no rio Amazonas.

Jacy, a LUA que sabia de tudo. Salva a india e a transforma na Iara, uma sereia linda das águas doces dos rios e igarapés, lagoas e cachoeiras, metade mulher cor de canela comos cabelos longos e esverdeados, metade peixe. Deu um castelo de preciosidades no fundo das águas com pérolas, rubis, ouro, diamantes, e presenteou a Iara com a voz mais linda que a do irapuru. Mas JACY também castigou a moça com a solidão.

A Iara em sua solidão mais profunda, sai das águas. Deixa o seu castelo no fundo do rio Amazonas, para cantar a sua tristeza próximo à margem do rio ou de umigarapé ou na pedra mais saliente próxima a cascata que desagua na lagoa mais encantadora.

Os índios são atraidos pela magia de sua voz e pela sedução dos seus olhos. Os indios sofrem o encantamento da IARA que não para de cantar e seduzir o jovem índio que mais e mais perto dela se aproxima e se apaixona. A paixão é de tal forma avassaladora queo jovem não temmais condições de retornar ao seu povo e fica ali, estonteado, desacordado da realidade. A IARA percebe que ojovem não tem forças para se despedir e ela mergulha nas águas para o seu reino. O rapaz para não ficar distante e sofrendo de saudades daquela voz maravilhosa mergulha junto com a IARA e nunca mais retornam para a aldeia.

3ª LENDA - O BOTO COR DE ROSA

O boto cor-de-rosa é um encantamento sério para todos que convivem nas margens dos rios amazonenses.

O boto cor de rosa é um rapaz lindo e sedutor, bem trajado em um impecável terno de linho branco, não se priva em usar com frequencia um chapéu que encobre o seu nariz desproporcional para o seu rosto. Mesmo assim, mantém o olhar enigmático e penetrante que conquista as moças casadoiras e desavisadas nos festejos juninos.

Para o desespero dos pais esse rapaz que ora é homem ora é um boto.

Nunca se ouviu dizer que algum boto tenha casado de verdade com alguma moça da região. Ele muda de forma em dias de festa, procura a menina maisbonita e fogosa da região, mantém uma animada conversa, promete tudo o que pode diz que é filho de fazendeiros da região, galanteia a moça com presentes das quermeces, com conchinhas do rio, com uma ou outra pedra colorida, um anel de ouro, um broche de pérola, ou um grampo para os cabelos de brilhantes ele sempre tinha na algibeira do paletó para conquistar a moça.

Suas histórias mirabolantes de conquistas e sucessos, de paixão e amor, porém o rapaz nunca se atém aos compromissos que assume e aspromessas de amor e paixão.

As juras eternas de fidelidade que inventa para seduzir as virgens ribeirinhas que terminam mergulhando para o fundo do rio em sua companhia.

O boto depois que tem os seus momentos de ternura e amor, mesmo enamorado abandona a companheira de festa no dia seguinte em alguma das margens do rio para em seguida passar pela transformação mágica. O lindo rapaz voltar a ser o robusto boto das águas doces do Amazonas.

A moça desprezada geralmente engravida do jovem e sedutor rapaz e passa os meses de gestação caminhando pelas praias dos rios a espera de um reencontro e das promessas de amor que jamais serão concretizadas .

4ª LENDA - O GUARANÁ.

A TRIBO DOS MAUÉS TEM OS PRIVILÉGIO DAS SEMENTES DO GUARANÁ.

Há muito anos na tribo dos Maués tinha um casal que não podia ter filhos, era muito difícil ele o chefe da tribo, um guerreiro afamado, um homem muito sábio e coajoso. Sua esposa uma índia honrada, trabalhadora, ninguém na tribo fazia um beiju tão bom quanto o dela, quando saia para pescar, as outras mulheres perdiam a calma e logo com dois peixes pequenos paravam e deitavam a mergulhar na lagoa brincando com os jovens e crianças, ela não, ficava ali até pescar o melhor peixe e assim, também era nas plantações e colheitas, não tinha preça, queria tudo de bom para a sua gente. Aconselhava bem as jovens nas escolhas dos namorados.

O casal via o tempo passar e o seu herdeiro não chegava, as suas amigas já puxavam uma penca de filhos e ela nada!

Um dia depois de muuita insistência do casal indígena Maués pedirem a TUPÃ , rei dos deuses indígenas, um filho. A graça foi alcançada, todos se alegraram e quando o menino nasceu a felicidade e a prosperidade reinava na aldeia.

Tinha trabalho para todos, caça, pescaria, mandioca de fartura, parecia que o menino tinha chegado na tribo com a missão de apaziguar inclusive os homens guerreiros porque nem contendas, intrigas ou guerras existiam entre os Maués e outras tribos.

O menino era de bom coração, brincava com todos os amiguinhos sem machucar os menores mas também não promovia a discórdia e não apanhava dos maiores. Era generoso, ajudava sem questionar o motivo os mais velhos a levar água para as tabas, tecia alguns enfeites para as moças solteiras da tribo, e para as mais feiosas ele procurava as mais lindas penas para enfeitá-las com adornos de encantamento para que os rapazes as olhassem com sinceros desejos de conhecê-las e namorá-las para casar.

Sentava ao pé da fogueira com os mais velhos e ouvia atento as historias dos antigos sem desdém de não acreditar qando algum índio aumentava alguma história, era bem comportado e todos o amavam. Um dia JURUPARI, o deus da escuridão, viu que todos os índios nutriam pelo menino um carinho enorme presenteano-o sempre com prendas que só os maués abem confeccionar. Jurupari na sua inveja infenal tentou convidar a criança para fazer coisas do mal, não conseguiu. A maldade de Jurupari não parou por ai, quis jogar a criança contra todos o seu povo mas foi em vão, ninguém concordou. Jurupari convidou o menino para conhecer o seu reino, o menino se negou e disse a Jurupari, não faça isso porque eu sou de Tupã, Jaci e tenho muito orgulho dos meus pais, não quero enveronha-los com alguma injustiça ou maledicencia, serei um grande guerreiro como meu pai. Mais uma vez Jurupari tentou e não conseguiu nada! Por fim o Deus das trevas resolveu matar a criança. Tramou uma situação e Jurupari transformou-se numa cobra venenosa de alta periculosidade e quando o menino passou pelo caminho estreito entre o capim e os gravetos espalhados pelo chão de barro em direção dos outros coleguinhas para a pescaria foi mordido pela criatura peçonhenta e já chegou na tribo nos braços dos amiguinhos que chorava o Amazonas de desespero, o menino chegou morto.

TUPÃ assistiu tudo aquilo enfurecido com a maldade de Jurupari, mas não quis interferir numa reclamação ao deus das trevas, mas fez ecoar os mais fortes trovões, os raios e relâmpagos, Tupã avisava para todos o que havia acontecido para os Maués, a desgraça de uma cobra atacar o fiho único do cacique. Todos os índios logo souberam e choraram muito. A mãe do indiozinho, em seu desespero entendeu a revolta de TUPÃ e disse ao marido que a vida seguia seu curso apesar daqueles infelizes momentos, e pediu num senimento de mãe que enterrasse os olhos do filho perto dela pois todos os dias ela iria enxugar as lágrimas do menino om a dor do veneno daquela cobra. Assim o cacique o fez enterrou os olhinhos o menino perto de sua taba, Tupã se compadeceu daquela mãe e presenteou a tribo dos Maués com um arbusto que deles nasciam semente parecida com os olhinhos de seu filho, doce como mel que adoçaria a vida da tribo. Assim aconteceu e nasceu o GUARANÁ.

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 17/07/2011
Reeditado em 09/08/2011
Código do texto: T3100926
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