A MALOQUÊS E SUAS DESCOBERTAS

Se não somos o presente, o que somos? Se não esbarramos logo a frente, o que perdemos? Se não acordamos no horário e fazemos as rezas necessárias, o que tememos?

Era uma vez dois malucos insatisfeitos com a humanidade e muito malandros, que vagando sob interrogações inescrupulosas, resolveram perder suas sanidades de forma execrável e limitada. Acertaram então investigar a sociedade de forma bem simples, e para isso, perderiam suas sanidades e a camuflariam de vez para dar lugar a subversiva confusão da loucura.

Acordaram entre si que ficariam por um logno período em surto, e com isso montaram um plano que vai desde longos períodos afastados da civilização, até formas de chegar ao absoluto convencimento.

Ambos na teoria do convencimento, se babavam, tinham os movimentos desorientados, se perdiam nos caminhos, abraçavam a todos, falavam sob seus delírios, perturbavam os idosos, e sob essas circunstâncias, tinham os passaportes para todos os lugares.

Como de costume, se encontravam duas vezes por semana para discutir suas peripécias com a malandragem. Se divertiam muito com todos aqueles manequins atônitos, de forma que se encantavam com a pureza sólida, se debatiam com a irracionalidade tendendo ao facínio da oralidade limitada, e eram amantes da ternura, crentes, imorais, e de certo cínicos.

Lembrara um dos loucos certa vez, de como ser idiota tinha das suas vantagens. Não trabalhavam, vestiam o que queriam, não tomavam banho, e burlava todas as regras até hoje estabelecidas como inomináveis neste universo de sobrevivências tendenciosas. Sabia que tudo era encenado, todavia aproveitava o máximo a plenitude desta questão.

Seus costumes estavam entre sair à rua, falar com todos com o sentido figurado, e ser sempre inconveniente ao ser questionado sob suas vontades. Num dado momento se encontraram os dois loucos em praça pública, que datados de um olhar clínico da verdade, ambos engajaram um teatro de espetáculos; Foi ai que um gritou:

-- Ei, coça aqui?

-- Onde?

-- Aqui onde eu cago e mijo,

Não podendo ser uma resposta lógica, este então se adequou a maloquês, cambaleou entre as pessoas, se babou repentinamente, fez um ar de graça, virou os olhos remexidos, e cantou uma canção frenética fazendo uma menção a nostalgia. "-- Se a água fosse limo, e o limo fosse água, espreme essa laranja, que o tempo da pedra é grande."

Os manequins titubearam inesperadamente sobre a razão dos conseguintes, e se afastaram a ponto de não mais ver o que por desconhecimento, não sabiam.

Desolados, os dois amigos caminharam logo a frente afim de conseguir novas platéias. Eles andaram durante horas ficando confusos e esperançosos. Mas foi ao tardar da noite, que enfim se viram dentro de um balançar de ondas, olharam em volta e notaram os ecos das tempestades. Refletiram em suma sobre a porta que abriram "Liberdade." e obtiveram uma resposta ao olhar clínico das suas interrogações. Não precisamos das perguntas, pois já tenho os culpados. Minha imaginação e eu fomos vítimas dos pecados, que desejando desejados, clama vaidade, pede perdão, se debate com a coragem, rasteja pela vida com fé na posteridade.

"Não saber o destino das nossas mortes, é o mesmo que estabelecer o caos que tarda a dizer um fim."