AS DUAS PIRAÍBAS

AS DUAS PIRAÍBAS

Autor: José Gomes Paes

Lembro-me tão bem como se fosse hoje. Quando menino em minha cidade Urucará, baixo Amazonas. Aconteceu um fato surpreendente, diferente do normal, que hoje tenho a obrigação de narrar para os meus leitores e todos que como eu fazem parte do Recanto das Letras, este site maravilhoso, que nos permite postar nossos escritos mesmo que amadoristicamente.

Pois é, um dia desses qualquer, aconteceu que no horário de meio-dia, horário de descanso e silêncio, uma mulher foi lavar roupa no cedro do porto, quando de repente apareceu não se sabe de onde veio, ondas no rio muito forte que saiu levando tudo o que encontrava pela frente, causando um pandemônio nos portos da cidade e prejuízos aos donos de embarcações que estavam ancoradas no porto. A onda forte jogou a mulher lá em terra que quase a levou a óbito.

No interior é assim, qualquer fato chama a atenção, aí, aparece as opiniões do censo comum, uns diziam que era uma tremenda Cobra Grande que passou pelo fundo do rio, outros que houve um deslizamento de terra, outros diziam que o mundo estava para acabar e que isto era só um aviso. O que sei, foi que depois tudo voltou a se acalmar, inclusive o rio.

Passado algumas horas, isso por volta das 16, um imbróglio no rio chamava a atenção, muitos da ribanceira se juntaram para ver, era ondas que iam e vinham em frente a cidade, tudo indicava ser um peixe muito grande para causar todo esse fordunço. Logo apareceram os pescadores, acostumados a pescar e matar o maior peixe da Amazônia o Pirarucu e a maior cobra a Anaconda, arrumaram os apetrechos de pescaria e rumaram para o meio do rio, com a haste e arpão na mão. Até então imaginava-se ser um peixe bem grande que continuava a dar o seu espetáculo e chamar a atenção, num ir e vir em frente a cidade, sumia e daqui a pouco aparecia, causando um verdadeiro alvoroço a população.

Os pescadores já preparados esperaram a onda se aproximar bem perto e lançaram a arpoada certeira no peixe, que saiu levando com linha e bóia para fundo do rio por alguns minutos, depois apareceu a bóia, começaram a colher, cansaram e depois assegundaram até matar o peixão. Era uma Paraíba de 3 metros de comprimento, nunca visto até hoje.

Depois uma nova onda surgiu, com os pescadores matando o peixe, era outra Paraíba menor um pouco, essa era uma fêmea.

Na cidade a maioria das pessoas não se alimentava de peixe de couro na época, então esses peixes foram tratados e salgados, vendidos aos barcos paraenses que trocavam por mercadoria.

Talvez esses peixes tenham se desviados de sue hábitat, por isso nadavam a deriva, sem saber para onde ir e vieram parar ali.

Nunca vi peixes daquele tamanho, era uma verdadeira fera do rio. Por isso sempre falo que nas profundezas dos rios da Amazônia há muitas feras misteriosas, que por vezes ficam rondando bem próximo de nós e não sabemos.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 17/07/2011
Reeditado em 09/08/2011
Código do texto: T3100267
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