Face.
Os pensamentos eram sempre os mesmos. Iguais. Desde que ela se lembrava de como sonhar, imaginar.
Uma mesa de bar, um sorriso. Uma mão pousada "acidentalmente" sobre a outra, um corpo ao lado do outro largados em uma cama ao sol da manhã.
Um anel, vestido branco, choro, dor, choro de um ser que acabou de adentrar nesse mundo traiçoeiro. O riso, o choro. Ah, o choro. Tantas e tantas vezes presente nesses sonhos de vida.
Seu mundo, seu projeto de vida, era claramente e precisamente traçado. Ela sabe o que quer. Como sempre soube. Sua personalidade é definida demais para admirar falhas de indecisão.
Seus sonhos eram claros, nítidos.
Não tinha face. A única face certeira de toda aquela fantasia, era a sua própria face. Apenas essa.
Não conhecia o amanhã. E gostava disso. Mas seria mais feliz se houvesse ao menos uma certeza - por mais fútil que seja - sobre esse assunto tal debatido e sem respostas.
Precisava encaixar ao menos uma característica naquele espaço vazio que lha acompanhava em sonhos e pensamentos. Mas não podia. Algo dentro dela não permitia. Nada durava. Não era para durar.
Seu único medo, era que isso durasse para sempre. E para sempre é um tempo muito longo.