Infância, velho meu!
“Em acaso você entenderá um dia, o que ele quis lhe dizer, não era deslumbrante e nem original. De fato, algo humano, simplesmente humano, qualquer coisa entre tristonha e boa harmonia, encontra-se no passado, naqueles cheiros das pegadas na terra molhada, na malandragem do enganar, no indicio de uma saudade e aquilo que percebemos ser mais jovem, apresento a despedida da infância”
- Eu viverei sem ti, logo desapegarei e não terei tempo para respirar a compreensão da mudança, outros oxigênios de ideais negociáveis entram nos meus pulmões tornando-se uma questão de sobrevivência e vibrando forte o desejo da formação da minha família – disse o Ítalo, segurando uma fotografia especial, entre tantas nas paredes.
– Há força do tempo, o meu rio sem desalento e corre no mundo, neste ciclo da vida. Sim, tenho medo das aflições que me tomem todo o momento. Todavia, penso, não há o que temer da vida, chegou o momento de despedir de ti e celebrar o que virá, pois posso refazer esse planeta – Indo a janela que se encontra aberta e pensativamente ele ficou diante de uma vista de crianças.
- Qual é a diferença entre o agora e a infância? Não sei, porém, já houve ditadura no formato de bruxa, a qual colocou temor. No entanto, tome tento , haverás rastros e retorno dessa bruxa?! Veja o capitalista vestido de dragão comendo a gente, e o mestre mandando, ou seja, o sistema ordenando, as cabras cegas giras e dá lucros. Triste é a verdade que continua a dormir, e afinal, não há a mesma beleza da bela adormecida, e não quero ficar no esconde-esconde, em exílio. Nem todas as infâncias foram doces, alguns vivem ainda no faz de conta, e se cair à ficha, será tarde demais? Bom, o chicotinho estará a queimar, contudo, não terá mamãe na hora da brincadeirinha, o anel já passou faz tempo... E o gato continua levando paulada e a miar - Sorriu singelamente para crianças a pular corda.
- A saudade será muita de você! Fisicamente vai embora, e dormirá dentro de mim, entretanto, quando tiver a minha cria, despertará e dar-lhe-á a mesma doçura do que me destes, e assim, criarei o meu reflexo na vida do menino, de moleque, uma vida divina e boa, no eterno da fé – A imagem não havia qualidade de antes, entretanto, tinha-se o doce e o amargo do chocolate da lembrança de criança do Ítalo, na foto estava alguém ao seu lado. Era seu avô, hoje ainda desaparecido diante dos nevoeiros das torturas e refúgios da historia recente do nosso Brasil.
“Repetindo, enfim... Em acaso você entenderá um dia, o que ele quis lhe dizer, não era deslumbrante e nem original... Entre tristonha e boa harmonia... No indicio de uma saudade e aquilo que percebemos ser mais jovem, apresentei a infância”.
Inspirado na canção de João Bosco e Aldir Blanc, na sua melhor interprete, na voz de Elis Regina, “Jardins da Infância”.
Por: Lucas Expedito Claro Prado.