Mais um doido em seus tormentos.

Sou o pior dos escritores. Sou um escritor morto, mesmo em processo terminal. E nem posso sequer me considerar um escritor, mas é de fato a única coisa que fiz (in)consciente em toda minha vida.

A mulher grávida se jogou na cama, junto com a cadela. A asia se instalou em meu bojo, me chamando para uma partida de bilhar.

Até hoje não me acoplei ao templo humano. Cada dia insurjo-me contra os malditos cães que ladram loucamente na rua quando alguma alma se arrasta. Nas minhas visões delirantes vejo um nevoeiro de fumaça tóxica e líquidos azedos estupefacientes.

Espero o dia em que um último gole vier visitar minha goela seca. Será um dia como qualquer outro, e ninguém, ou poucos, se lembrarão de um doido que um dia digitou seus tormentos.

Vi um cão tão magro que me cortou o peito vê-lo atravessar a rua logo que um caminhão velho de canavieiros virou a esquina, levantando poeira sob o sol das quatro.

As pessoas sempre estão predispostas a acreditarem nos outros em primeiro lugar.

Savok Onaitsirk, 14.07.11

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/07/2011
Código do texto: T3095424
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