Mais um doido em seus tormentos.
Sou o pior dos escritores. Sou um escritor morto, mesmo em processo terminal. E nem posso sequer me considerar um escritor, mas é de fato a única coisa que fiz (in)consciente em toda minha vida.
A mulher grávida se jogou na cama, junto com a cadela. A asia se instalou em meu bojo, me chamando para uma partida de bilhar.
Até hoje não me acoplei ao templo humano. Cada dia insurjo-me contra os malditos cães que ladram loucamente na rua quando alguma alma se arrasta. Nas minhas visões delirantes vejo um nevoeiro de fumaça tóxica e líquidos azedos estupefacientes.
Espero o dia em que um último gole vier visitar minha goela seca. Será um dia como qualquer outro, e ninguém, ou poucos, se lembrarão de um doido que um dia digitou seus tormentos.
Vi um cão tão magro que me cortou o peito vê-lo atravessar a rua logo que um caminhão velho de canavieiros virou a esquina, levantando poeira sob o sol das quatro.
As pessoas sempre estão predispostas a acreditarem nos outros em primeiro lugar.
Savok Onaitsirk, 14.07.11